agosto 24, 2006

Frase do Dia

Uma frase interessante e muito acertada de um autor desconhecido... a reflectir:

"... Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te..."

Carpe Diem.

Por Amor a uma Firefly

Tudo começou em 2003, quando Joss Whedon (criador de séries como "Felicity", "Buffy" e "Angel") resolveu criar uma "space opera" no pequeno ecran, de seu nome "Firefly". Infelizmente, não foi bem compreendida pelo estudio que a exibiu, apresentando valores de audiência baixos. Como consequência, deu-se o cancelamento da mesma sem que a temporada tenha encerrado (os 3 ultimos episodios não chegaram a ser exibidos na TV).
O que aconteceu depois foi a loucura... a saida da série completa em DVD (14 episodios) tornou-se um sucesso de culto, que motivou o seu criador para um filme onde pudesse contar e explorar as ideias que tinha para o show. O filme originado pelo amor dos fãs chama-se "Serenity" e, por incrivel que possa parecer, estreou nas nossas salas de cinema muito discretamente...
Assisti ao filme quando estreou sem ter visto a serie e, apesar de me ter divertido imenso com todo o ambiente e personagens, não me envolvi completamente no enredo... felizmente, a Sic Radical veio colmatar a falha, passando a serie o que torna o visionamento do DVD muito mais saboroso.
Não vou aqui descrever o argumento, porque isso tira a emoção ao filme e gostava que o meu texto fosse um incentivo para descobrir algo novo e surpreendente, ao nível dos argumentos televisivos e da ficção cientifica. Trata-se pois da continuação da série, mantendo todos os actores e atando as pontas da serie (o final poderá ser um "até breve" ou um "obrigado"). Para quem conhece a serie estão aqui todos os ingredientes: o humor, a acção, a camaradagem entre as personagens, os dialogos inteligentes envoltos num orçamento reduzido e num ambiente cool.
Existem momentos de pura diversão e loucura podendo mesmo comparar-se com outros filmes do genero... uma sequência do que falo é a fuga da Serenity pelo meio da batalha entre a Aliança e os Reavers que dá muito mais prazer e emoção do que todos os minutos iniciais do filme "Guerras das Estrelas 3".
A conexão entre os actores do filme é perfeita (como já acontecia na serie) e o estilo série B torna-o ainda mais forte pelo lado de gozo e divertimento que impõe. Caso não tenham tido oportunidade de seguir a série e não pretendam adquirir o pack importado da FNAC ou em sites estrangeiros (apenas com legendas em inglês para deficientes auditivos), vejam o filme e deixem-se levar... pode ser que depois vos fique a curiosidade para conhecer as origens daquela mitologia.
Como diz o comandante Malcom Reynolds (Nathan Fillion) no final, a primeira regra para uma boa pilotagem (ou como tudo na Vida) é o amor... parafraseando a personagem "... Podes aprender toda a matemática do Mundo mas, se pegamos numa nave que não amamos, ela sacode-nos, tão certo como o Mundo girar. O amor mantém a nave no ar quando ela devia cair, e diz-te que ela sofre antes de se lamentar...".
Claro que se trata de uma parábola, mas creio que vocês entendem o que esta aqui implicito, façam o favor de serem felizes.
Carpe Diem.

agosto 21, 2006

Bandas Sonoras - Sete Palmos de Terra


Neste blog já coloquei textos sobre vários tipos de arte, desde cinema (o seu principal objecto) passando por escultura, arquitectura, series de TV, faltando referir a música e a pintura (a seu tempo lá chegarei).
Este texto tem como referência exactamente a música, concretamente o segundo volume da banda sonora da melhor serie (em minha opinião) dos últimos anos, chamada "Sete Palmos Terra" e que passou na :2 (as 5 temporadas).
Quem seguiu a serie, conhece o seu humor negro, o surrealismo e a intensidade de um dos melhores momentos em televisão que, ao longo de 5 anos, se traduziu em duas bandas sonoras recheadas de nomes do rock independente.
Após ter adquirido o segundo volume da banda sonora não podia deixar de a sugerir porque tem nomes como Nina Simone, Coldplay, Radiohead, Bebel Gilberto, Interpol, Death Cab for Cutie e The Arcade Fire (estas 2 ultimas bandas são do melhor que o Indie Rock actualmente produz). Trata-se portanto de um CD a descobrir e a ouvir atentamente, mesmo para quem nunca seguiu a serie.
Uma referência especial à musica dos Caesars ("Don´t Fear the Reaper"), com uma letra excelente que me fez pensar e dedicar a uma pessoa muito especial, para ti Kitty :)
Se adoravam a serie ouçam o CD, mas se não viam pelo menos arrisquem porque aqui estão algumas das propostas mais inovadoras no campo da musica independente actual.
Carpe Diem.

agosto 16, 2006

Doce Vingança

Fui ver este filme, em primeiro lugar, pelo "hype" que anda a gerar e de seguida pelo seu magnífico elenco, não são todos os dias que encontramos num só filme os nomes de Bruce Willis (um assassino profissional muito "cool"), Josh Hartnett, Lucy Liu, Morgan Freeman, Ben Kingsley (estes 2 em papeis demasiado pequenos, mas fulcrais, para o seu talento), Stanley Tucci e Danny Aiello.
A história não pode ser aqui reproduzida, nem em resumo, por se tratar de um argumento na senda de filmes como "Os Suspeitos do Costume" (Bryan Singer), "O Sexto Sentido" ou "O Protegido" (estes 2 de M. Night Shyamalan). O argumento deste filme pertence a Jason Smilovic e resulta na perfeição, podemos andar um pouco perdidos durante o visionamento do mesmo, mas no final tudo bate certo como um relógio suiço e apesar de sabermos que o realizador (Paul McGuigan) andou a brincar connosco, dá prazer descobrir o fio à meada e aproveitar aquele "twist" final.
Os actores funcionam muito bem pelo seu conjunto, até um actor de quem não gosto (Josh Harnett) tem um desempenho bem divertido no filme. Claro que não é um filme perfeito como era "Os Suspeitos do Costume", mas para uma tarde de Verão inteligente e bem passada optem por este filme que em português tem o titulo de "Há Dias de Azar".
Um promenor quanto ao titulo original do filme, trata-se de uma excelente pista para o desenrolar da trama e mais não digo, descubram o filme porque vale mesmo a pena... além da surpresa final ainda encontramos diálogos à Tarantino.
Não percam esta boa surpresa que se arriscava a passar despercebido não fosse o "boca a boca" que está a gerar.
Carpe Diem.
PS: Vi o trailer do novo Shyamalan que me parece prometedor, apesar do insucesso americano... o filme chama-se "Lady in the Water" e é uma fabúla infantil com a unica coisa que o Ron Howard fez de bom na Vida, a filha Bryce Dallas Howard.

agosto 14, 2006

O regresso do Salvador

O Superhomem está de volta ao cinema, 19 anos após o 4º filme com Christopher Reeve, no entanto, ao longo do tempo muita polémica se gerou e várias versões foram surgindo sendo a que mais avançou tinha Tim Burton na cadeira de realizador (seria um filme completamente diferente e creio que mais interessante na senda do que foram os 2 primeiros filmes do Batman) e Nicholas Cage como o heroi da capa vermelha.
A história deste regresso retoma o argumento dos 2 primeiros filmes no ponto em que o Super Homem deixou a Terra para tentar descobrir o seu planeta natal (Krypton), a questão é que 5 anos passaram desde então e quando este regressa tudo parece ter mudado...desde a reacção das pessoas até à sua amada Lois Lane que, entretanto, encontrou um novo par (mas não um novo amor) e tem um filho (num previsivel, mas interessante twist do filme).
Para quem tem ideia de encontrar um blockbuster cheio de adrenalina, pancadaria e acção a "200 à hora" pode desistir, estamos em face de um filme mais intimista e centrado nas personagens. A ideia do desaparecimento do Super Homem durante 5 anos é bem explorada e leva a questionar se a humanidade precisará ou não de um salvador... o filme tem 2 sequências que demonstram bem a questão transposta para a nossa realidade, o caso do avião e o individuo em queda (duas imagens fortes que puxam para a memória do 11 de Setembro).
O realizador Bryan Singer, após os dois primeiros filmes dos X-Men, resolveu pegar no seu personagem preferido de BD e o resultado, no cômputo geral, é um filme com boas ideias, no entanto, não deixa de transparecer que poderia ter sido melhor, caso o argumento tivesse mais força, nomeadamente, a ideia por detrás do plano de Lex Luthor (Kevin Spacey). Fico triste por Singer não ter realizado o terceiro filme da saga muntante já que teria um argumento superior e poderia ter ser o melhor da triologia, sob o seu comando...
No que diz respeito aos actores, Brandon Routh é um Clark Kent/Superhomem competente e muito parecido fisicamente com Christopher Reeve, no entanto, falta-lhe mais emoção já que o seu rosto está sempre igual, qualquer que seja o momento. Lois Lane foi entregue a Kate Bosworth, num acerto de casting numa actriz que demonstra força e garra para interpretar a personagem, aguardo as sequelas para confirmar, ou não, esta ideia. O vilão interpretado por Kevin Spacey, mantém a chama e a ironia que outrora lhe deu Gene Hackman, mas não deixa de ser penoso ver um actor desta categoria num papel assim.
O filme é também sobre o amor e o reencontro de dois seres que se amam após um longo interregno, demonstrando que existe sempre uma hipótese de regresso quando o amor é mais forte do que a Vida. A personagem de Jason (Tristan Lake Laebu) cria expectativa para os proximos filmes, sera que vamos ter um Super Boy?
Se procuram um filme de aventuras que alia o intimismo à acção não faltem à chamada, no entanto, é compreensivel o porquê da falta de afluência às bilheteiras nos EUA, quando o destaque é das personagens e não da acção.
Carpe Diem.
PS: Antes do inicio do filme vi 2 trailers/teasers que irão dar que falar, o novo Bond (Daniel Craig parece-me muito duro para ser um Bond) e o novo Michael Bay que ressuscita um comic/serie de animação no filme "Transformers"... é caso para perguntar se a nostalgia também estará a regressar ao cinema?

agosto 10, 2006

Sentimentos em Disputa

Confesso antes que, apesar de ser da geração da serie "Miami Vice", não tenho uma recordação intensa da mesma. Recordo-me de algumas coisas como as cores garridas, os fatos coloridos de Sonny (Don Johnson) e Rico Tubbs (Phillip Michael Thomas), o ambiente e a musica (Peter Gabriel, Phil Collins, Eric Clapton,The Police...).
Quando soube que Michael Mann (foi o produtor da série) iria realizar o filme homónimo fiquei esperançado numa grande fita à medida do seu génio como essa obra prima que se chama "Heat". Não saí desiludido e considero que está aqui o melhor blockbuster deste Verão, sem o ser... eu explico, é um filme inteligente, negro, violento, com uma economia narrativa exemplar já que nos faz entrar directamente no meio do furacão, sem tempo para respirar.
O uso da câmara digital permite um tipo de rugosidade e autenticidade que ajuda o filme, com destaque para as sequências nocturnas espantosas (reparem nos raios em fundo)... se a serie tinha um ambiente de cor, o filme é bem mais denso e negro. Depois, além da imagem, temos o argumento colocando os protagonistas no jogo de espelhos entre o infiltrado e ser humano, girando tudo à volta de onde estão os limites e quem sofre com isso... uns com a familia em perigo (Rico) e outros apaixonando-se pela mulher errada quando o papel se sobrepõe ao real (Sonny).
O filme tem momentos de acção vertiginosa (imagem de marca de Michael Mann) e, a certa altura, toma o romance como principal destaque entre Sonny e Isabella. Um amor condenado entre duas pessoas que se limitam a fazer o que de melhor sabem. Os diálogos são saborosos, bem ao jeito do seu realizador, reparem no jogo de sedução entre Sonny e Isabella e onde eles vão parar.
Ao contrário da serie, os actores não assumem um papel preponderante, fazendo antes parte do todo, numa aposta arriscada de Mann, em relação aos fãs televisivos. Colin Farrell consegue demonstrar um pouco mais de emoção do que é habitual, no entanto, continua a ser um actor fraco e pouco expressivo, sendo a escolha de Jamie Foxx mais acertada pelo lado "cool" da sua personagem.
Em resumo, trata-se de um excelente filme de entertenimento para adultos (mas não a obra prima de Mann, isso é "Heat") muito negro e com acção e emoção a rodos. Um detalhe para Ana Cristina Oliveira numa barwoman de Lisboa - Portugal :)
Não percam se gostam de filmes a 200 à hora mas com inteligência e economia narrativa.
Carpe Diem.

agosto 03, 2006

Porque um gesto vale mais que mil palavras...


Hoje não vou falar de cinema, quero antes aproveitar este espaço para dedicar um texto a uma pessoa muito especial da minha vida que se encontra a passar um momento menos bom, trata-se de uma pessoa linda por dentro e por fora.
Esta Mulher tem um grande coração e uma força interior que lhe permite, sozinha, ser pai e mãe ao mesmo tempo, admiro muito as pessoas que conseguem gerir a Vida e os afectos sem com isso tornarem mais complicadas as vidas dos seus filhos... como o meu pai, que nunca conheceu o dele, mas que se tornou uma pessoa enorme e sempre um exemplo a seguir.
Quero sobretudo dizer que estou aqui para te ajudar a sair do precipicio porque quando sentires que vais a cair, estarei lá a esticar-te a mão e não te deixo bater no fundo... quando deres por ti, os ultimos anos serão como um sonho menos bom e agora o que importa é o presente e o futuro, ja que o passado é apenas uma memória com lembranças boas e lições de Vida.
Se tivesse de realçar duas coisas em ti diria força e doçura, tens de voltar a encontrar essas duas características e reerguer os teus sonhos. Quero ver novamente esses olhos a sorrirem, esses labios a descreverem emoções, as mãos em busca de sonhos e o coração batendo de novo com amor.
Termino este texto com uma musica que espero seja uma porta para um novo recomeço:
Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar
pensa em mim protege o que eu te dou
eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar
fica em mim que hoje o tempo doi
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei
mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só
eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar
Mafalda Veiga - "Cada Lugar Teu" (Tatuagens)
Carpe Diem