« Home | Animação pouco infantil... » | Pérolas do Indie 2 - "Offside" » | Imaginação Vs. Vida » | Pérolas do Indie - Day Night Day Night » | Na Mente de um Viciado » | Asfixia rumo ao Sol » | Sonhos da Mente » | Descobertas de Culto - Big Love » | Indie Lisboa 2006 - Um Vicio a preservar » | A derrota da Itália »

Amor Doentio

Depois de um longo período sem colocar textos, espero que consiga, a partir de agora, retomar o gosto a falar do meu vicio favorito, o cinema.
Após ter visto o trailer do filme "Bug" fiquei com imensa curiosidade sobre o mesmo além de que tem uma das melhores actrizes americana (muitas vezes subvalorizada), Ashley Judd. Trata-se de uma história perturbante acerca de um relacionamento entre uma mulher perdida e sem companhia e um homem com uma obsessão por insectos (o "bug" do título).
O filme é realizado por um dos membros dos "Golden 70´s", William Friedkin ("O Exorcista"), e isso reflecte-se no produto final já que se trata de um filme limpo, sem "palha", onde tudo se passa num quarto de Motel e com o mínimo de personagens possivel dando uma maior intensidade ao par principal, Agnes (Ashley Judd) e Peter (Michael Shannon). Mas atenção, não é um filme de terror!!
Tudo começa com Agnes, que vive num quarto de um Motel americano degradado, junto de uma via rápida (os unicos planos do exterior são travellings soturnos sobre o Motel), e trabalha como empregada de mesa num bar lésbico. Pela expressão desta sentimos todo o abismo da perda e a falta de contacto humano. Numa certa noite, a sua colega de trabalho, R.C. (Lynn Collins), apresenta-lhe Peter e, sem que esta saiba, irá assim iniciar-se uma relação de dor, compreensão, obsessão e perda.
O filme é doentio, seco, duro... as personagens não têm rede e nós também não, entramos na espiral de paranoia e loucura sem que nos seja explicado o porquê e isso, meus amigos, é o grande trunfo do filme. As interpretações são sublimes, especialmente Ashley Judd, e o clima opressivo faz-nos submergir no drama.
Encontra-mos aqui uma alegoria ao Amor, não o amor dos romances de cordel, mas aquele que resulta da necessidade de ser amado e da falta de sentir o outro, não sexualmente mas no seu conjunto... a cena mais bela de todo o filme e onde nos conseguimos sentir bem é quando o casal faz amor, de uma forma em que o toque é superior ao prazer... a ideia de sentir o outro, de tocar, de mexer e não tanto a de possuir.
A revolução interior na vida de Agnes, ao longo do filme, advem da perda de um ente querido e, ao mesmo tempo, sentir a falta de quem lhe diga que é bonita, mas isso tem um preço.
Será que o Amor pode ser como um insecto? Será o Amor uma forma de auto-flagelação ou de paranoia? Será que ao antingir o limite podemos recuperar a sanidade ou apenas seguir em frente até à implosão? São questões como estas que o filme coloca, sai-se dele perguntado a nós mesmos como pode ser possivel que algo assim aconteça... só prova que a sanidade depende da visão de cada um ou da sua força interior para contornar um mau momento.
Está aqui um dos melhores filmes deste ano, não o percam mesmo que com isso saiam da sala como se tivessem sido espancados ou tostados...
Carpe Diem.

Estou a ver que ainda há vida por estas bandas! :)
BBBRRRR, tudo o que não preciso neste momento é de um filme destes!!! E um filmito mais light para condizer com a época não há por aí!?

Enviar um comentário