Sonho de Cinema

O tempo corre e sem dar por isso, o meu blog surgiu há 1 ano e tem sido um imenso prazer escrever aqui no que já são 70 textos, sobre cinema e não só. Ao longo deste tempo, tenho mantido a promessa do inicio, ou seja, procurar "mexer" com quem me lê e, pelo menos, quando o assunto é arte moderna isso foi conseguido.

Nem sempre escrevo tanto como desejo, mas é sempre bom ver comentários de amigos que viram os mesmos filmes ou que partilham das mesmas ideias mesmo que existam divergências porque estas geram debate, é disso que a Vida é feita. O que importa é debater ideias e acreditar que todas as formas de Arte tornam a Vida mais bela e com mais sentido, por isso abstraiam-se um pouco dos problemas e assistam a um filme numa sala escura, apreciem uma pintura num museu, sonhem juntamente com um livro, fechem os olhos e deixem-se levar por uma musica, sintam uma frase, desenhem um sentimento ou um momento, captem em fotografia um sorriso ou uma lagrima e assim soltem as vossas asas e voem encontrando o vosso rumo.

As minhas asas abrem-se quando entro numa sala com tela, projector, cadeiras, várias pessoas e as luzes se apagam projectando-se um outro Mundo... aparecendo personagens, sons, cores, ritmos, melodia, silêncio, choro, risos... fazendo com que as nossas emoções surjam, choramos, rimos, sentimos o coração apertado, torcemos por uma personagem, sonhamos com as imagens, ouvimos o barulho de um silêncio entre dois olhares, arrepiamos-nos com o toque de 2 mãos, sentimos o beijo de 2 amantes ou o tiro que perfura o corpo da personagem que amamos... no fundo um bilhete de cinema é um convite ao sonho e à aventura.

Imaginem a Vida como tendo o ritmo de um filme de Gus Van Saint, com banda sonora de Ennio Morricone, argumento de Ramon San Pedro e realização de David Lynch porque nada na Vida é linear e a loucura é sempre necessária. A imagem escolhida para este texto comemorativo não foi escolhida ao acaso, Ingrid Bergman representa para mim a beleza de um olhar, uma excelente actriz e a musa do meu filme de eleição: Casablanca.

Ao longo deste ano os textos deste blog revelaram: Filmes recentes e de culto, Séries de Tv, Previsões, Angústias e Pensamentos, Debates sobre Arte e Tributos à Amizade e ao Amor. Muitos assuntos ficaram por falar, no entanto, durante o ano de 2006 espero continuar a revelar-vos o que penso e nunca peço que sejam da mesma opinião, sejam sempre fieis a vós próprios.

A todos vocês que desde a primeira hora me acompanham, agradeço-vos e espero continuar a merecer a vossa leitura, de facto, a amizade é o bem mais precioso que um ser humano pode ter e por isso aqui deixo um pensamento:

"... Não preciso de amigos que mudem quando eu mudo e concordem quando eu concordo. A minha sombra faz isso muito melhor..." - Plutarco

Termino citando esse grande poeta brasileiro, Vinicius de Moraes, que dizia que a Vida só se dá a quem se deu.

Carpe Diem.

Na sequência do post anterior, agora irei falar um pouco acerca dos vencedores nas categorias de televisão. Antes de mais resta-me lamentar que as séries vencedoras ou não passam em canal nenhum em Portugal ou ficam relegadas para o Cabo e para quem tem assinatura (House e Anatomia de Grey ns Fox), sendo as únicas excepções à regra 2 séries: "Perdidos" e "Donas de Casa Desesperadas".

Apesar de serem excepções, estas séries ganharam os Globos de Ouro pelas suas 2ªs temporadas, coisa que ainda não pudemos vislumbrar quando acontecerá passarem cá no burgo... se for para transmitir a excelente série "Perdidos" ao Sábado ao inicio da tarde como até aqui ou quando calha, talvez seja melhor esperar pela edição em DVD...

Das restantes séries que tenho o prazer de acompanhar, quero salientar o prémio para uma magnifica série de medicina que passa no Fox Life (A Anatomia de Grey) acerca de um grupo de internos num hospital e a sua dura aprendizagem enquanto estagiários.

Aqui vão os vencedores deste ano:

Melhor Série Drama: Perdidos

Melhor Série Comédia: Donas de Casa Desesperadas

Actriz Drama: Geena Davis (Commander in Chief)

Actor Drama: Hugh Laurie (House)

Actriz Comédia/Musical: Mary-Louise Parker (Weeds)

Actor Comédia/Musical: Steve Carell (The Office versão americana)

Actriz Secundária: Sandra Oh (Anatomia de Grey)

Actor Secundário: Paul Newman (Empire Falls)

Actriz Mini-série ou Filme: S. Epatha Merkerson (Lackawanna Blues)

Actor Mini-série ou Filme: Jonathan Rhys Meyers (Elvis)

Mini-série ou Filme: Empire Falls

Escusado será esperar que estas séries apareçam em Portugal, quando as que passam e com qualidade são relegadas para as madrugada... hajam os canais Fox que nos salvam de tanta pobreza!!

Carpe Diem.

Sem darmos por isso lá passou mais um ano e eis que chega a época dos prémios e da sua festa maior, os Óscares... enquanto estes não chegam tivemos esta madrugada a atribuição dos Globos de Ouro, votados pela imprensa estrangeira em Hollywood e que, além de cinema, também permeia as séries de Tv.

Dado que grande parte dos filmes vencedores ainda não estrearam em Portugal não poderei tecer a minha opinião, no entanto, é interessante verificar que o cartaz de vencedores b tem temáticas bem liberais: uma história de amor entre 2 homens (Brokeback Mountain), a vida de um transexual e o relacionamento com o filho (Transamerica), um "biopic" de um escritor gay (Capote), filmes políticos (Syriana e O Fiel Jardineiro) e a cereja no topo do bolo que é o filme oriundo da Palestina como melhor filme estrangeiro. Agora resta saber se a Academia de Hollywood também vai ter esta coragem, principalmente se tivermos em conta o seu elevado conservadorismo e o facto de nem sempre vencerem os melhores, apenas por não serem politicamente correctos.

Antes de "postar" os vencedores apenas queria salientar a justeza do prémio atribuido a Rachel Weisz que tem um papel cheio de beleza e força no magnífico "O Fiel Jardineiro". Os vencedores foram:

Melhor Filme: Brokeback Mountain

Melhor Realizador: Ang Lee (Brokeback Mountain)

Actriz Drama: Felicity Huffman (Transamerica)

Actor Drama: Philip Seymour Hoffman (Capote)

Actriz Comédia/Musical: Reese Witherspoon (Walk the Line)

Actor Comédia/Musical: Joaquin Phoenix (Walk the Line)

Actriz Secundária: Rachel Weisz (O Fiel Jardineiro)

Actor Secundário: George Clooney (Syriana)

Melhor Filme Comédia/Musical: Walk the Line

Melhor Filme Estrangeiro: Paradise Now da Palestina

Melhor Argumento: Brokeback Mountain

Resta apenas dizer que os filmes vencedores irão estrear em Portugal, durante estes 2 meses, e como estou curioso em vê-los aqui deixarei o meu comentário em breve.

Carpe Diem.

Acontece, por vezes, desconhecermos um realizador ou os actores de certo filme e ficarmos agradavelmente surpreendidos pelo produto final, neste caso um excelente filme de terror onde existem verdadeiros sustos e uma eficácia suprema na gestão do suspense e das expectativas dos espectadores.

O filme começa com o drama pessoal de uma mulher (Sarah) cujo marido e filha morrem num acidente de viação, por descuido do primeiro e onde todos os 3 se encontravam... um ano depois 5 amigas de Sarah decidem anima-la e, dado que todas adoram emoções fortes, decidem explorar uma caverna. O curioso é que uma das amigas (Juno) esconde das outras que a caverna onde vão entrar nunca foi explorada e mal elas sabem que nas profundezas se esconde um grupo de criaturas muito particular.

Toda a mecânica do filme é excelente, a acção passa-se no subsolo em grutas mal iluminadas e estreitas com um espaço claustrofóbico e onde as personagens dependem umas das outras para prosseguirem o seu caminho. A grande surpresa advêm da descoberta de vestigios de anteriores aventureiros e um grupo de seres predadores muito parecidos com humanos...

Adoro filmes de terror mas confesso que, raramente, me assusto com os filmes actuais porque não conseguem ser originais, dividindo-se entre os filmes de adolescentes aos berros, os de terror japonês (em remakes americanos) ou os pseudo documentários. Este filme consegue realmente assustar, dado o seu ambiente opressivo e a força das 6 mulheres que não são estupidas e apenas querem sentir adrenalina (há uma historia paralela mal resolvida entre Juno e Sarah) e a criação de uma "tribo" de seres das cavernas muito verossimil.

Nota-se neste filme a influencia de um filme de John Boorman ("Deliverance"), onde um grupo de homens procura sobreviver mudando a sua personalidade. Neste filme Sarah também sofre uma mutação, entre a pessoa em dor do inicio e a guerreira do seu final, exemplo excelente disto é toda a sequência no lago de sangue (sim, é um filme "gore", mas sem ser excessivo) onde a personagem se torna mais animal (um indicio de vir a se tranformar num ser das cavernas?).

Outro ponto forte do filme reside no seu falso final, a ideia de "happy end" que todos esperam e o retirar do tapete por parte do realizador... aquele sorriso final que poderá dizer? Na minha perspectiva, Sarah terá desistido de lutar e ficou em paz com a filha, porque vingou o sucedido um ano antes e a caverna apenas teria um sentido.

Se pretendem emoções fortes e um filme de terror que pede meças à serie B americana e é de longe mais inteligente do que muitos produtos que por ai andam, não percam este filme antes que saia de cartaz.

Carpe Diem.

PS: Será que alguma distribuidora portuguesa consegue exibir em Portugal o filme anterior do realizador deste filme e que tem sido um fenómeno de culto por todo o Mundo onde tem sido apresentado? O seu nome é "Dog Soldiers" e se for tão bom quanto este creio que seria uma excelente aposta.