dezembro 27, 2005

Uma Paixão Surreal


A Noiva Cadaver Posted by Picasa

Antes de começar este texto deixem-me dizer-vos que sou fã de Tim Burton e adoro qualquer dos seus filmes mesmo aqueles que foram considerados fracassos de bilheteira (como o subestimado "Ed Wood" ou a comédia louca "Marte Ataca") e por isso posso ser acusado de faccioso, no entanto, estamos perante uma nova obra-prima de um génio do cinema actual.
Depois de este Verão nos ter brindado com uma versão brilhante de Willy Wonka no "Charlie e a Fábrica do Chocolate", eis que nos apresenta agora uma nova animação por marionetas e stop-motion (o mesmo processo utilizado em "O Estranho Mundo de Jack", escrito por Burton e realizado por Henry Selick) que nos deixa maravilhados... a história é o mais simples que pode haver e a magia está lá toda como é habitual no cinema deste realizador.
A história passa-se na época vitoriana, em ambiente gótico, onde uma familia nobre, mas arruinada, procura que a sua filha (Victoria Everglot) case com o filho (Victor Van Dort) de uma familia nova-rica proveniente do comércio de peixe, para assim recuperarem o prestígio. Tudo se complica quando o jovem Victor, desastrado como é, provoca um alvoroço durante a cerimónia de preparação para o casamento e se embrenha na floresta treinando os seus votos de casamento, no entanto, ao colocar a sua aliança num ramo faz despertar a Noiva Cadáver e tudo muda.
Os cenários são maravilhosos com o contraste existente entre o Mundo dos Vivos (cinzento e "sem vida") e o Mundo dos Mortos (profusamente colorido e com imensa alegria) e todas as personagens que sairam da mente de Burton (o casal de crianças são um achado). A história é levemente adaptada de um conto tradicional do leste europeu mas, segundo Burton, apenas lhe interessou a ideia de uma noiva cadaver que regressa à "vida" por amor.
Os momentos musicais do filme são delirantes (nomeadamente toda a sequência dos esqueletos) e a partitura sonora de Danny Elfman condiz na perfeição com o universo negro de Burton. Para mim existem 2 momentos que apenas por existirem tornam o filme ainda mais irresistivel, a cena do piano com a noiva cadaver e a transformação desta em várias borboletas... no fundo, uma história de amor, compreensão, sacrificio e salvação. É impressionante como um realizador consegue na mesma altura (os filmes foram rodados em simultâneo) filmar duas obras primas, fico ansioso pelo seu próximo trabalho.
Em termos de vozes, temos Jonnhy Depp (Victor), Helena Bonham-Carter (Noiva Cadáver) e Emily Watson (Victoria) nos principais papeis. Digamos que Depp esta fabuloso, toda a sua personagem foi pensada tendo em conta o seu estilo de representar, não conseguimos dissociar a personagem de quem lhe dá a voz.
No fundo, este filme transmite a mensagem de que a morte também merece ser celebrada e não é um mundo triste, veja-se que a negritude existe nos vivos e na monotonia das suas vidas... no México, o "dia de los muertos" é uma celebração ímpar e muito tradicional, tendo sido ai que Burton se inspirou para os esqueletos do filme, nomeadamente Bonejangles (voz de Danny Elfman).
Um filme surpreendente em beleza, romântico e que nos mostra um realizador em todo o seu esplendor artístico... será que a sua mudança dos EUA para Londres está a fazer efeito? Segundo a sua mulher (Helena Bonham-Carter) ninguém gosta de chuva em Londres, mas Burton sim.
Carpe Diem

dezembro 22, 2005

Angustias de Ser Português

De vez em quando fico com algumas dúvidas existenciais devido ao país em que vivemos, desta feita tenho 2 questões que não entendo:

1) Porque será que os packs DVD das séries de culto "Perdidos" e "Donas de Casa Desesperadas", cujos lançamentos estavam previstos para 7 de Dezembro em Portugal, serão lançados durante 2006 e sem data definida? O mais curioso é que ambos já foram editados pela Europa fora (em Londres existem desde Outubro) e mesmo na Nova Zelândia... seremos nós especiais e ficamos em último?
2) Porque será que o mais recente filme de David Cronenberg ("A History of Violence"), realizador de muito culto em Portugal, considerado o mais comercial da sua carreira e mesmo dos melhores filmes que passaram em Cannes 2005, não tem estreia marcada em Portugal ficando para (sim... adivinharam...) algures em 2006? O curioso é que o filme ultrapassou a fasquia dos 30 milhões de dólares nos EUA, isto num realizador que normalmente é considerado como fazendo filmes para uma minoria... por cá supostamente estrearia em Agosto (?!!), depois em Outubro, Novembro e agora 2006!!!
Pode ser que alguns de vós saiba a resposta, mas se não fosse termos um rio e um Sol que nos ilumina quase sempre, fugia para Londres onde tudo o que respeita a cultura é bem tratado e os musicais são inovadores e inteligentes (como o "Lion King", "Fame", "The Producers" e o mais recente "Eduardo Mãos de Tesoura").
Carpe Diem

dezembro 18, 2005

Serie de Culto 6 - CSI Miami


CSI Miami Posted by Picasa

Retorno à rubrica que criei acerca das excelentes séries que andam a passar nas televisões de todo o Mundo, para salientar aquela que me faz ficar acordado de madrugada a uma Quinta, apenas para não perder pitada da vida de Horatio e companhia.
Quanto a mim, esta série é superior aos CSI Las Vegas (apesar do carisma de William Petersen) e CSI Nova York (a pior das 3 e quem tem o AXN pode comprová-lo) dado que se tratam de episódios inventivos e com um grupo de actores soberbos, com destaque para David Caruso que fez brilhantemente a primeira temporada de "Balada de Nova York".
A série passa-se em Miami e tem sempre um tom bastante quente, no entanto, a trama e os diferentes argumentos são sempre originais e por vezes violentos... existe mesmo um fio condutor nos episodios referente à morte do irmão de Horatio Crane, um policia que estava em missão disfarçado e que, supostamente, terá morrido. A mulher do irmão é a grande paixão de Horatio, o que o leva a complicar tudo o que diga respeito ao relacionamento entre os dois.
A mecânica da série é identica a todas as outras com as suas reconstituições de crimes e a forma como, de modo inteligente, nos faz pensar e tentar adivinhar o que realmente aconteceu. Apesar de ser um "spin off" da CSI Las Vegas, em minha opinião, é largamente superior a esta.
Esta série é bem mais emotiva que o CSI Las Vegas, principalmente devido ao seu protagonista (os olhares, o meio sorriso, a ironia) e à sua equipa, sendo isso bem visivel quando a sua médica legista antes de analisar qualquer corpo lhes afaga o cabelo como se aquando a morte pudessem ser recompensados do que sofreram. A série tem como produtor Jerry Bruckheimer, responsavel por blockbusters como "Con Air" ou "O Rochedo".
Uma série que recomendo vivamente, a ser transmitida na SIC às Quintas de madrugada (repetindo ao Sábado e Domingo) ou no canal de cabo AXN.
Carpe Diem.

Quando a Beleza mata a Besta


King Kong Posted by Picasa

Aventuras Juvenis com Magia...


Harry Potter e o Calice de Fogo Posted by Picasa

Tenho de vos confessar que não sou fã do Harry Potter, gosto imenso de ler, não sei porquê os livros do jovem mago nunca me interessaram (bem tentei ler o primeiro, mas n consegui...) e em termos de fantasia continuo a preferir, de longe, a triologia do anel de Tolkien ou as loucuras de humor inglês desconcertante de Terry Pratchett nas suas novelas Discworld.

Vi todos os filmes da série e considero que se trata de entertenimento divertido q.b., gerando algum interesse pela forma como retrata todo o ambiente mágico de Howgraths, através de efeitos especiais elaborados. Dos quatro filmes, penso que o mais conseguido terá sido o anterior a este, talvez por ser mais negro e realizado por Alfonso Cuarón.
No presente filme, o realizador Mike Newell consegue retratar a angústia do crescimento e torna o filme mais intenso nos momentos finais com o aparecimento de Lord Voldermot, num duelo com varinhas mágicas, esfusiante de cor e sentimento. Continuo porém, a achar que se sai destes filmes e os esquecemos, não existe a transposição para a nossa vida de algum heroismo ou sonho como sucede com Tolkien ou mesmo Frank Herbert (a colecção Dune).
Os actores são, regra geral, bons mas noto que ao longo dos filmes, as personagens secundárias são sempre melhor aproveitadas e caracterizadas que os 3 actores principais. Personagens como Snape, Hagrid, Dumbledore, o elfo do "Prisioneiro de Azkaban", o professor com olho falso deste filme... uma chamada especial de atenção para esse grande actor que é Ralph Fiennes que consegue imprimir ao seu Voldermot uma aura sinistra sem ser contudo demasiado aterrador para o público a que se destina maioritariamente o filme.
Acredito que este seja um filme que diga muito a quem lê avidamente os livros da série, mas como aqui estou a prestar a minha opinião, refiro apenas que acho um filme competente, entertenimento seguro e a realizaçaõ de um "best seller" literário em cinema.
Carpe Diem