abril 26, 2007

Animação pouco infantil...


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Pérolas do Indie 2 - "Offside"


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abril 22, 2007

Imaginação Vs. Vida

Nem todos os filmes que passam no Indie Lisboa são "diferentes" ou pouco comerciais, aqui está um exemplo acabado desse facto, o ultimo filme de François Ozon que esteve em competição no Festival de Berlim.
A historia deste filme retrata a vida de Angel (Romola Garai), uma jovem de imaginação fértil e uma garra enorme para tornar os seus desejos realidade. Angel vive nos suburbios de Londres, no periodo que antecede a 1ª Guerra Mundial, num quarto por cima da mercearia de sua mãe mas sonhando com uma mansão chamada "Paradise".
O seu grande sonho é tornar-se uma escritora famosa e um dia viver nessa mansão como sua legitima proprietaria, ao contrário de sua tia que sempre lá trabalhou como criada. A sua preserverança e força de viver irão possibilitar-lhe atingir a fama e tornar-se uma escritora famosa. A partir desse momento tudo se conjuga para que os seus sonhos se tornem realidade, consegue ir viver para "Paradise" e até descobre a paixão na figura de um jovem pintor.
Os seus livros são novelas simples e fantasiosas escritas por uma pessoa sem experiência de vida mas com uma imaginação muito fertil e será também esse o esquema do filme. No inicio começa por parecer uma leve "história da Vida" com a ascenção de uma mulher pela sua força e coragem de viver para se transformar numa réplica de um romance escrito pela personagem Angel.
Como diz em certa altura uma das personagens do filme, Angel vive 2 vidas, a verdadeira e aquela que sonhou... como todos sabemos nem sempre o que sonhamos é o que realmente acontece e neste filme tudo se vai desmoronando e revelando que mesmo que se obtenham todos os sonhos não implica que viremos a ser felizes.
O realizador Fraçois Ozon tem aqui um filme mais operático do que é seu habito, contudo continua a dar preponderancia as mulheres na figura de uma Angel magnificamente interpretada por Romola Garai.
Penso que este filme tera estreia comercial e por isso não o percam se gostam de romances cor de rosa que se tornam demasiado reais. A descobrir.
Carpe Diem.

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Pérolas do Indie - Day Night Day Night


O Indie Lisboa ano após ano permite-me descobrir filmes que, muito dificilmente, teriam estreia nacional, com narrativas menos comerciais ou, inclusivamente, menos imediatas.

Tal como acontece com este filme que faz parte da Competição do Indie este ano, de seu nome "Day Night Day Night" e realizado por Julia Loktev (repete Segunda dia 23 às 16:15 na Sala 1 do S. Jorge).

Durante o filme acompanhamos uma jovem mulher da qual nunca sabemos o nome ou a proveniência (Luisa Williams) e que pretende tornar-se numa bombista suicida em Times Square/NYC. Para isso, alia-se a um grupo extremista do qual também desconhecemos o nome que a prepara para o momento final.

Não se trata de um filme com uma história linear, nem vimos a descobrir de onde vem esta mulher ou porque decidiu ser uma bombista suicida, resta-nos portanto ver o que ela faz para se preparar ainda que, em privado, atraves do dialogo com Deus exprima as suas duvidas no que respeita a sua missão.

A ideia de desconhecimento é que torna todo o filme aliciante pois ficamos, literalmente, agarrados a todo o procedimento de preparação que vai desde o vestuário até ao video de despedida, sempre com a preocupação dos objectos, ângulos de câmara ou mesmo do estilo de cabelo. A própria personagem principal é obsessiva com a limpeza (a si propria ou a sua roupa) e subserviente aos organizadores do atentado como se, reagindo desta forma, se redimisse de algo.

Os momentos finais passam-se em Times Square, onde acompanhamos o deambular da personagem com uma mochila às costas carregada de explosivos e completamente anónima, num reavivar das neuroses americanas através de forma realista e credivel. Ainda assim é possivel surpreender como quando a personagem que não sabemos de onde vem e que diz aos terroristas ter os pais mortos decide ligar para estes num momento de desespero (ainda que não fale e se faça anunciar por "it´s me").

A bombista é interpretada por uma espantosa Luisa Williams (trabalhava como babysitter quando respondeu às audições para o filme) que, através dos seus grandes olhos azuis evidencia quer um olhar forte e ousado como perdido e vazio... é uma mulher frágil que se torna forte porque se escuda na religião, mas que questiona se vale a pena matar-se caso ninguém esteja a ver. A força da interpretação, do olhar, da compulsividade na higiene, do sangue frio perante os enervantes momentos de espera, a confiança na organização que a faz usar vendas e algemas, o desespero quando nem tudo bate certo, faz com que nos sintamos ligados aquela mulher apesar da contradição desta ser uma terrorista.

A realização de Julia Loktiev (artista plastica) é precisa e atenta aos detalhes, sem procurar chocar e tornando humana a terrorista, como que dizendo tratar-se de uma pessoa como nós, o que por vezes temos tendencia a esquecer. Os planos audaciosos sobre o rosto da protagonista (um olhar aqui diz mesmo mais que mil palavras) ou nas mãos/gestos das pessoas que irão atravessar a rua correspondente ao atentado, criam tensão no espectador e é ai que procuramos respostas para não dito.

Um filme sem esperança mas com humanidade dentro, a mostrar que um terrorista também tem duvidas e não precisa de uma razão politica (pode ser meramente pessoal) para agir... tal como no final, a personagem interroga Deus com a frase "porque não me quiseste?", é pena que um filme assim não tenha quem o queira e arrisque uma estreia comercial.

Carpe Diem.

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Na Mente de um Viciado

Os filmes baseados na obra de Philip K. Dick são sempre de dificil adaptação cinematográfica e sem uma fidelidade em 100%, ou perto, a obra que lhe deu origem. Os casos dos filmes "Blade Runner" (do qual não sou fã), "Relatório Minoritário" e "Totall Recall" comprovam-no apesar destes 3 terem sido sucessos de público.
O filme em questão baseia-se na obra cuja tradução em Portugal ficou como "O Homem Multiplo" e que retrata um futuro onde uma droga poderosa de seu nome "Substância D" vai corroendo e destruindo os cerebros de quem a toma. Fred (Keanu Reeves) é um policia infiltrado que se transforma no viciado e vendedor de droga Bob, tendo por namorada Donna (Winona Ryder) e vivendo com 2 amigos: Jim Barris (Robert Downey Junior) e Ernie Luckman (Woody Harrelson).
Trata-se de um filme com uma história complexa que se vai desenrolando como um novelo de lã e uma conclusão que explica todos os factos... não vou aqui revelar mais do que devo, até porque este filme saiu em DVD por cá no dia seguinte a ser exibido no Indie Lisboa deste ano.
A forma como o realizador Richard Linklater adoptou para dirigir este filme consegue aproximá-lo da sua matriz inicial e dar maior fluidez à narrativa. Usando o mesmo sistema da sua curta metragem "Waking Life", ou seja, um sistema de animação sobre a imagem real dos actores e onde por vezes o real se mistura com o imaginário torna este filme o mais aproximado do universo de Phillip K. Dick.
As interpretações são superlativas, com diálogos longos mas divertidos (como é o caso de todas as cenas dos 2 amigos) e uma conclusão que, apesar de demasiado explicita, permite dar um maior sentido à história. A ideia de uma droga que permite separar o cerebro e como que "dividir" a mesma pessoa em varias personalidades foi a forma escolhida pelo autor do livro para homenagear todos os seus amigos que morreram de droga e esse acto de amor sente-se no filme.
Não se trata de um filme totalmente conseguido e, inclusivamente, ficou aquém das minhas expectativas apesar do cast e do realizador, mas trata-se do objecto mais aproximado da obra de Phillip K. Dick e com momentos saborosos e divertidos.
Carpe Diem.

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Asfixia rumo ao Sol


abril 11, 2007

Sonhos da Mente

Fui hoje ver o mais recente filme do meu realizador favorito, David Lynch (em exclusivo no Monumental), uma "trip" de 3 horas com todas os seus fetiches, taras e actores de sempre... o texto segue dentro de dias, preciso acalmar as ideias e pensar o que escrever... até já :)

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abril 10, 2007

Descobertas de Culto - Big Love

As pessoas que me conhecem sabem que ando sempre a descobrir coisas novas e adoro passar tempo na FNAC... andava eu à procura de uma serie de Tv em DVD nova e que me pudesse supreender quando resolvi arriscar e comprar o pack da nova aposta da HBO (canal de series como Sopranos, Sete Palmos de Terra ou Roma) de seu nome "Big Love".

Posso dizer desde ja que ao fim dos primeiros 4 episódios já estou "agarrado" à saga de um pai de familia, no minimo, diferente. A história gira à volta de Bill Henrickson (Bill Paxton), dono de uma cadeia de lojas de ferragens em crescimento e polígamo praticante que sustenta 3 mulheres e respectivos filhos.
Temos a primeira mulher Barb (Jeanne Tripplehorn) que ultrapassou um cancro e tem 3 filhos (sendo 2 adolescentes), a segunda Nicki (Chloe Sevigny) invejosa e que adora gastar o dinheiro que não tem em marcas para suprir a sua infância castradora e simples enquanto filha de um pastor de seita polígama (com 2 filhos) e a terceira mulher Margene (Ginnifer Goodwin) que ainda se está a adaptar e é a mais ingénua e simples de todas (com 2 filhos).
A história é muito mais complexa do que isto com as peripécias de Bill para satisfazer os desejos materiais (e não só) das suas 3 mulheres, nem que para isso tenha de tomar os comprimidos azuis de Viagra... elas vivem em 3 casas de um suburbio em Salt Lake City, unidas por um jardim interior e dividem o seu homem pelos dias do mês como se calculassem o orçamento.
Além da historia familiar, ainda vamos conhecendo os contornos da seita que Bill abandonou e onde permanecem os seus pais Frank (Bruce Dern) e Lois (Grace Zabriskie - a mãe de Laura Palmer em Twin Peaks), gerida pelo pastor fundamentalista, e pai de Nicki, Roman (o grande Harry Dean Stanton).
Trata-se de mais uma excelente série, com selo da HBO, onde o sexo, temas fortes e humor negro se interligam. A segunda temporada já se encontra em produção nos EUA, mas por enquanto arrisquem e vejam esta porque vale muito a pena.
De referir ainda que, um dos produtores desta série é Tom Hanks o que demonstra o poder cada vez maior que a Tv vai tendo em termos de originalidade e de capacidade para inovar face a um cinema cada vez mais repetitivo (os remakes e prequelas) e sem originalidade.
Agora vão comprar o pack que eu vou ali colocar no DVD o episodio 5 e viciar-me mais um pouco.
Carpe Diem.

abril 07, 2007

Indie Lisboa 2006 - Um Vicio a preservar

Um novo ano implica mais uma edição do Festival de Cinema Independente de Lisboa (a 4ª), mais conhecido como Indie Lisboa, e um enorme vicio para quem escreve neste blog. Juntam-se neste certame 3 coisas que eu adoro: cinema, debate de ideias e a descoberta de novos autores/cinematografias.
Para quem não conhece, trata-se de um Festival que promove um cinema menos comercial (dai a indicação de "independente") e que desde o ano passado criou uma rubrica denominada Observatório que rompe com qualquer ideia e mecanismo de classificar filmes, mostrando ideias surpreendentes.
Este ano já comprei os bilhetes para todos os filmes que desejo ver que prefazem os 22, resta saber se durante o Festival não me apetecerá descobrir mais :) Falta referir que o Festival decorre de 19 a 29 Abril nos cinemas Forum Lisboa, São Jorge, Londres e King. Para saberem mais visitem o site: www.indielisboa.com
Se quiserem descobrir coisas novas num ambiente especial não hesitem, façam como este vosso escriba, arrisquem e pode ser que passem a ver esta nobre arte sob um prisma diferente.
Carpe Diem.

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A derrota da Itália

Durante a campanha para as legislativas em Itália Nanni Moretti teve a ideia realizar um filme sobre Berlusconi que resultou neste filme forte e belo em certos momentos. Um Caimão é uma especie de crocodilo, um predador que raramente larga a sua presa... nada melhor do que este epiteto para denominar aquele que foi preponderante (pelas piores razões) em Itália nos ultimos anos.
Quem pense que Moretti fez um filme centrado em Berlusconi desengane-se, a principal história é a de Bruno Bonomo (Silvio Orlando), um produtor de filmes série Z italiano que sem conseguir produzir filmes (esta na bancarrota) e em vias de divorcio se sente no abismo. Durante a exibição de uma retrospectiva dos seus filmes, aparece uma jovem Teresa (Jasmine Trinca) com um argumento chamado "O Caimão" e com a urgência de fazer um filme sobre Berlusconi... Bruno agarra-se ao argumento com todas as forças, mas fazer um filme sobre o homem que monopoliza a televisão privada e detem tanto poder não é fácil.
Trata-se de um filme dentro de um filme, com o papel do Caimão a ser interpretado por 3 actores diferentes como que dizendo que Berlusconi tem multiplas facetas desde corrupto a populista e vitima atraves dos actores do suposto filme: Elio de Capitani (o mais fiel ao retratado e o futil), Michele Placido (o narcisista que interpreta um outro narcisista) e o próprio Nanni Moretti (um defensor da esquerda que se transmuta em direita populista). Apesar da critica acida ao homem e ao seu regime temos, acima de tudo, a historia de um homem em perda (que votou Berlusconi) que sente a Vida fugir-lhe e se tenta agarrar ao argumento do filme para se reerguer mesmo que tenha de admitir que errou.
A interpretação de Silvio Orlando é superlativa, revelando todas as nuances de um homem desesperado que não entende o porque da queda no abismo e, ao mesmo tempo, tenta por todos os meios manter-se à tona, quer a nivel profissional como pessoal. Um dos melhores momentos do filme acontece aquando da separação definitiva do casal atraves da troca de olhares e de ultrapassagens entre 2 carros ao som da musica de Damien Rice.
Um filme politico em todas as suas formas e com um final supreendente, não tanto pelo tom mas pelo facto da encarnação do Caimão ficar a cargo de Nanni Moretti, uma forma de ironia ou de mostrar ao publico que a face do mal pode ser qualquer uma? E a sombra que o envolve é sobretudo o desejo de que o "monstro" desapareça ou mostra que ele pode ficar na sombra e regressar a qualquer momento?
Existe uma questão não respondida no filme (e bem), como é possivel Berlusconi ter chegado ao poder? Moretti não responde e isso torna o filme ainda mais forte. Apesar de não ser dos melhores filmes do realizador, trata-se de um bom momento de cinema para quem gosta de filmes politicos ou que façam reflectir.
A queda de homem simbolizando a queda de um país,
Carpe Diem.

Violência Gráfica

As adaptações de comics (BD) americanos continuam de vento em popa e, desta vez, coube a adaptação do livro homónimo de Frank Miller pelo realizador Zack Snyder.
Trata-se de uma versão estilizada e hiperviolenta da Batalha das Termópilas que opôs o rei/deus Xerxes ao rei de Esparta, Leónidas num conflito Oriente/Ocidente, onde se situa actualmente o Irão. Leónidas é rei de Esparta, povo treinado para a guerra e regido por costumes/tradições arcaicas que não lhes permite atacar o exército de Xerxes em toda a sua força... assim sendo, este parte com 300 dos seus homens de confiança disposto a deter por quanto tempo for necessário o avanço deste ultimo.
O filme é bastante fiel à BD que lhe esteve na origem e quem conhece o trabalho de Frank Miller sabe que o exagero dos fisicos e a força sobrehumana é apanágio dos seus herois. Não existe aqui uma preocupação em desenvolver as personagens, surgindo antes a demonstração de ideias como força, coragem, orgulho, determinação e sentido de dever Vs. depravação, ideia de grandeza, corrupção e esclavagismo.
O abuso de efeitos em slow motion tornam o filme cansativo e pouco original... ao inicio ainda tem ar de novidade mas depois acaba por deitar tudo a perder. Devo confessar que sou fã de Frank Miller, seja na sua reestruturação de Batman/Demolidor ou na sua mais pessoal Sin City, no entanto, quando li a BD já a achei mais fraca do que habitual e o filme segue o mesmo rumo.
Os actores não têm margem para mostrar os seus dotes, já que as personagens são meramente unidimensionais com um Xerxes (Rodrigo Santoro) de 2 metros e escassas cenas e um Leonidas (Gerard Butler) aos gritos usando algumas palavras de ordem que ficam sempre bem citar. O desenvolvimento das personagens que se mantém em Esparta reduz a velocidade do filme mas, infelizmente, nao acrescenta espessura ou dimensão à história.
Resta um filme que pode divertir alguns pelas suas batalhas (nem que seja para ver como se protegiam os 300 e as varias formações que efectuavam) e ambiente, contudo, deixa um sentido de vazio e falta de emoção ao contrário da obra anterior de Frank Miller adaptada ao cinema, Sin City.
Uma ultima referencia à polémica que este filme está a gerar no Irão, onde este país acusa os EUA de promoverem um filme que apela ao ataque da sua terra e a mostra de forma devassa e corrupta... não nos podemos esquecer que a BD é ulterior à administração Bush e que se baseia (ainda que livremente) em factos historicos reais.
Resta agora saber se o projecto de uma BD de culto como é "Watchmen" (Alan Moore) segue em frente com Zack Snyder ao leme... como fã espero que sim já que o filme anterior deste realizador (Dawn of the Dead) pressupõe um excelente prenúncio, mas sem efeitos "ao ralenti".
Carpe Diem.