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Na Mente de um Viciado

Os filmes baseados na obra de Philip K. Dick são sempre de dificil adaptação cinematográfica e sem uma fidelidade em 100%, ou perto, a obra que lhe deu origem. Os casos dos filmes "Blade Runner" (do qual não sou fã), "Relatório Minoritário" e "Totall Recall" comprovam-no apesar destes 3 terem sido sucessos de público.
O filme em questão baseia-se na obra cuja tradução em Portugal ficou como "O Homem Multiplo" e que retrata um futuro onde uma droga poderosa de seu nome "Substância D" vai corroendo e destruindo os cerebros de quem a toma. Fred (Keanu Reeves) é um policia infiltrado que se transforma no viciado e vendedor de droga Bob, tendo por namorada Donna (Winona Ryder) e vivendo com 2 amigos: Jim Barris (Robert Downey Junior) e Ernie Luckman (Woody Harrelson).
Trata-se de um filme com uma história complexa que se vai desenrolando como um novelo de lã e uma conclusão que explica todos os factos... não vou aqui revelar mais do que devo, até porque este filme saiu em DVD por cá no dia seguinte a ser exibido no Indie Lisboa deste ano.
A forma como o realizador Richard Linklater adoptou para dirigir este filme consegue aproximá-lo da sua matriz inicial e dar maior fluidez à narrativa. Usando o mesmo sistema da sua curta metragem "Waking Life", ou seja, um sistema de animação sobre a imagem real dos actores e onde por vezes o real se mistura com o imaginário torna este filme o mais aproximado do universo de Phillip K. Dick.
As interpretações são superlativas, com diálogos longos mas divertidos (como é o caso de todas as cenas dos 2 amigos) e uma conclusão que, apesar de demasiado explicita, permite dar um maior sentido à história. A ideia de uma droga que permite separar o cerebro e como que "dividir" a mesma pessoa em varias personalidades foi a forma escolhida pelo autor do livro para homenagear todos os seus amigos que morreram de droga e esse acto de amor sente-se no filme.
Não se trata de um filme totalmente conseguido e, inclusivamente, ficou aquém das minhas expectativas apesar do cast e do realizador, mas trata-se do objecto mais aproximado da obra de Phillip K. Dick e com momentos saborosos e divertidos.
Carpe Diem.

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