junho 24, 2006

Indignação e Falta de Respeito


DVD "Lost" Posted by Picasa

No inicio de Novembro 2005 tive a oportunidade de viajar até Londres e maravilhei-me com a forma como a cultura é ai tratada, nomeadamente, em termos de preços e rapidez de lançamentos quase em simultâneo com os EUA. A dimensão do nosso mercado nao se pode comparar ao de Londres, no entanto, não consigo entender como o pack da primeira temporada da série de culto "Lost - Perdidos" demorou 8 meses a ser lançada em Portugal...
Quando estava em Londres tinha acabado de sair o DVD e apenas não o adquiri porque prefiro ter as séries com legendas em português (excepção feita aos packs dos X-Files/Millenium, que não deverão ser lançados em Portugal sem ser em importação directa) e por isso aguardei. Após vários meses de hesitações e promessas (esteve para sair em 2 ocasiões), a editora portuguesa resolveu lançar uma versão de 5 discos, quando em todo o Mundo o que saiu foi uma versão de 7!!!
Quer com isto dizer que estamos no Terceiro Mundo e não merecemos os extras da edição americana, inglesa, espanhola ou mesmo francesa (esta esteve à venda na FNAC em importação com os discos todos)??? É triste que uma série com esta qualidade seja tão maltratada em Portugal, além de passar no Canal 1 quando lhes apetece também é reduzida em DVD, será que a razão está em ser uma serie premiada? Porque não passam a série para a :2?
Já agora, o que foi referido anteriormente pode servir para criticar a edição em DVD da serie "Donas de Casa Desesperadas", a qual saiu em simultaneo com o "Lost - Perdidos" nos restantes países e em Portugal, a diferença é que nos primeiros foram 7 discos e no segundo 5...
Carpe Diem.

junho 23, 2006

Fábula Adulta


Hard Candy Posted by Picasa

O cinema independente americano continua a ser um nicho de descoberta e exploração de novos caminhos e histórias, neste caso verificamos que um orçamento reduzido e 2 actores em estado de graça se pode realizar um filme poderoso, realista e que nos faz pensar.
O filme inicia a sua história com a marcação de um encontro real entre Hayley (Ellen Page), uma jovem de 15 anos e Jeff um fotografo da moda (apenas fotografa teenagers menores de idade) na casa dos 30´s (Patrick Wilson), após terem iniciado um relacionamento por intermédio de um chat da Net. A ideia de pedofilia começa logo a tomar lugar e vamos verificando com o desenrolar desse encontro a forma como ambas as personagens interagem, um predador (Jeff) e a sua presa (Hayley), sempre com conversas recheadas de sub-entendidos de teor sexual.
Hayley aceita visitar a casa de Jeff, tornando-se inclusivamente mais disponivel e preparando ela própria as bebidas com a desculpa de que foi ensinada a nunca aceitar bebidas preparadas por um estranho. Jeff acaba por ser dopado por Hayley, iniciando-se assim uma reviravolta no argumento e nas convenções num jogo de tortura para que este confesse a sua verdadeira identidade.
Trata-se de um dos filmes mais surpreendentes do ano e também dos mais brutais, tudo se passa apenas com os 2 interpretes numa casa de linhas modernas em que a violência nunca se vê mas sente-se, são estes os filmes mais interessantes em minha opinião. Ellen Page (que faz de Kitty Pride no filme X-Men 3) tem uma interpretação soberba enquanto jovem inocente/anjo torturador e Patrick Wilson representa cada espectador, dado que ficamos sempre na expectativa do que se segue.
A realização de David Slade é original e forte, baseada num argumento inteligente de Brian Nelson, através de um ping pong constante entre as 2 personagens principais. O filme convida ao debate e deixa no ar bastantes questões, nomeadamente: relacionamentos online; a forma simples como os pedófilos se conhecem entre si e participam em actividades ilícitas conjuntas; o modo como os pedofilos retraem a sua personalidade abusadora e as suas experiências em desculpas estéreis e personalidades inocentes, tendo em vista a auto- justificação.
Além do que já referi, é um filme onde o poder do diálogo se sobrepõe à acção, é através da conversa que nos vamos apercebendo da real identidade de Jeff e da falsa inocência de Hayley... inclusivamente do prazer desta em desmascarar e incutir medo ao primeiro. O facto do filme não apresentar respostas para todo o pathos do filme (a razão Hayley fazer o que faz e como obteve as informações de que dispõe) torna-o ainda mais interessante e perturbador.
Um filme a não perder composto por muita garra, poucos meios, excelentes interpretações e um tema que, infelizmente, se torna cada vez mais actual. Não o percam porque é das poucas pérolas cinematográficas actualmente em exibição e só lamento que tenha estreado em época de Verão, este filme merecia outra altura para ser devidamente apreciado...
Carpe Diem.

Diversão Familiar


Com a casa as costas Posted by Picasa

Chegados à época de Verão surgem nas nossas salas de cinema as típicas comédias levezinhas "à americana", normalmente com um grau de inteligência equivalente ao de uma ervilha (American Pie, Date Movie,...), no entanto, não é o caso deste filme.
A história resume-se em pouco espaço: Bob Munro (Robin Williams), um executivo de uma multinacional de bebidas (com cerca de 50 anos e com o medo de perder o emprego) planeia passar férias com a sua familia (mulher e 2 filhos) no Hawai de quem se tem vindo a distanciar. O seu obsessivo chefe intima-o a participar na reuniao de aquisição de uma marca regional de bebidas juntamente com a sua nova escolha para o cargo de Bob... a solução encontrada por Bob passa pelo aluguer de uma RV ("recreational vehicle"- veiculos americanos vagamente parecidos com as nossas auto-caravanas), tendo em vista percorrer o Colorado e estar presente a tempo na referida reunião.
O filme tem momentos divertidos, nomeadamente a descrição dos acampamentos exclusivamente destinados a RV´s existentes nos EUA e a entrada em cena da familia Gornicke.
Trata-se de um tipico filme de férias, com um humor despretensioso e politicamente correcto, permitindo à familia aproximar-se entre si e reequacionar os seus valores. O humor, a espaços, surge como um cartoon da Warner Brothers com as suas peripécias impossiveis. Tendo em conta o realizador (Barry Sonnenfeld) e os actores envolvidos (os divertidos Robin Williams e Jeff Daniels), podemos encontrar aqui um humor inteligente, divertido e que pode dar 98 minutos de boa disposição, mesmo que logo de seguida se esqueça facilmente...
Uma ultima referência ao trailer de "Superman Returns" (Bryan Singer), exibido antes deste filme que promete bastante, a confirmar nos próximos meses...
Carpe Diem.

Marketing de Terror


The Omen - O Genio do Mal Posted by Picasa

Confesso que, em férias, não costumo ir ao cinema da mesma forma de quando me encontro em Lisboa, no entanto, o facto de estar no Algarve com tempo chuvoso e centro comercial perto, levou-me à procura de um filme para passar uma tarde... o problema surge quando em 9 salas dos cinemas Castello Lopes Guia (Albufeira), 4 exibiam o Código Da Vinci e as restantes tinham filmes já vistos por mim ou apenas dobrados em português ("Astérix e os Vikings"), a unica alternativa que me restou foi o remake do filme "The Omen".

Em primeiro lugar, o lançamento deste filme residiu numa campanha de marketing muito forte, pelo aproveitamento da data "sui generis" 06-06-2006 e a sua associação ao filme (pelo tema do anticristo e do celebre numero da besta - 666), culminando numa estreia antecipada em relação aos restantes filmes dessa semana.
Hoje em dia o cinema de terror americano tem vindo a reciclar-se, por via de remakes de filmes de culto dos anos 70/80 ("O Nevoeiro", "O Terror da Montanha", "Casa de Cera", "Massacre no Texas"), com resultados finais entre o sofrível e o vagamente interessante. Este filme baseia-se no filme original de 1976 realizado por Richard Donner, com interpretações de Gregory Peck, Lee Remick e Harvey Stephens (como Damien). O filme apresenta-se como cópia fiel do original, não no sentido artístico do "Psico" de Van Saint, mas porque não apresenta nada de novo.
O filme gira à volta do nascimento, em Roma, do Anticristo (Damien - Seamus Davey-Fitzpatrick) que coincide com a morte do bébé da familia Thorn, sendo que a intervenção de um padre junto do acessor do embaixador dos EUA (Robert Thorn - Liev Schreiber) o convence a substituir o nado morto pela primeira criança de modo a que a sua esposa (Katherine Thorn - Julia Stiles) não sofra. A evolução de Damien na familia vem demonstrar que ele é mais do que aparenta, sendo que o seu objectivo é apoderar-se do Mundo por via da política.
O filme adensa o clima de thriller, através de um rodopio de mortes e uma surpreendente composição de Mia Farrow como ama do Anticristo, num papel diametralmente oposto ao que interpretou na obra prima de Polanski ("A Semente do Diabo").
Apesar dos bons valores de produção existentes, não é mais do que um filme industrial da fabrica americana de thrillers deixando, inclusivamente, em aberto a eventualidade de sequelas (o filme de 76 deu origem a 4 sequelas). A escolha do jovem actor para o papel de Damien parece-me um erro de casting, basta comparar as duas versões para entenderem a que me refiro.
O cinema de terror nos EUA encontra-se numa encruzilhada, e quando não se ocupa de remakes trata de adaptar o vigoroso e original cinema coreano/japonês. Fiquem atentos (caso estreie em Lisboa) ao filme que venceu o Fantas há uns anos e que irá ter estreia comercial entre nós, refiro-me a "The Tale of Two Sisters" de Kim-Jim Woon.
Carpe Diem.

Duelo de Titãs


X-Men 3 - O Confronto Final Posted by Picasa

Como aficcionado dos comics, relativos aos X-Men e toda a comunidade muntante associada a estes, sempre segui com a maior atenção os filmes dedicados a este grupo de super herois dirigidos por Bryan Singer. Ao terceiro filme tudo mudou, Singer saiu dado o convite para realizar um dos seus sonhos, revitalizar o Super Homem (segundo as criticas do pré visionamento da critica nos EUA, conseguiu-o plenamente) trocando com o realizador Brett Ratner.
Os dois primeiros filmes criaram um ambiente propício à explicação desse verdadeiro fenómeno de culto que gera dezenas de comics nos EUA, o que torna tudo mais aliciante é a ideia da mutação como forma de descriminação num misto de luta pela aceitação e a "telenovela" de acção baseada nos relacionamentos entre as diferentes personagens (como acontecia nesse periodo de ouro escrito por Chris Claremont). O ponto fraco dos filmes anteriores residia nos argumentos, pouco imaginativos e esquemáticos, contrabalançados com uma forte caracterização, efeitos especiais adequados e um casting acertado (excepção feita à personagem Rogue, muito diferente da BD).
Este terceiro filme mostra um dos momentos chave da história dos X-Men, o aparecimento da Fenix Negra e da "cura" para os muntantes. Este ultimo arco toma grande parte do filme e cria uma dinâmica que poderia ser melhor explorada se Singer fosse o realizador, a ideia de escolha para os muntantes entre serem como são ou reverterem em humanos e tornarem-se "normais".
Outro aliciante deste tipo de filmes é a possibilidade dos fãs poderem ir descobrindo personagens no elenco secundário. Trata-se de um filme de acção bastante divertido, com momentos excelentes (toda a sequência do ataque de Magneto) e um verdadeiro blockbuster de Verão com a particularidade de fazer pensar mais do que os outros.
Em termos de personagens considero que, desde o inicio, as personagens de Rogue e Ciclops foram um erro de casting, sendo particularmente grave no caso deste ultimo visto ser das figuras mais importantes.
Um divertimento inteligente com interesse extra para quem segue a saga nos comics e muito superior o MI3 ou ao triste Código Da Vinci.
Carpe Diem.