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Voltem a ser Crianças

Para começar devo referir que sou fã de M. Night Shyamalan, excepção feita a "Sinais", e sendo o filme em análise do tipo "ou se ama ou se odeia", deixo claro que se trata da opinião de quem adorou "O Protegido", "O Sexto Sentido" e sobretudo "A Vila" e que também adorou este, apesar dos defeitos que tem.

A história passa-se num condomínio fechado em Philadelphia (chamado "The Cove") onde um vigilante e "pau para toda a obra", de seu nome Cleveland Heep (Paul Giamatti), vive/esconde-se pacatamente ao longo dos dias, executando pequenas tarefas, nos diferentes apartamentos. O aparecimento de uma Narfa (semelhante a uma sereia), de seu nome Story (Bryce Dallas Howard) vinda do Mundo Azul, modificará a vida no condominio e a relação entre os seus habitantes.
O filme é composto de pura fantasia como se retornassemos à infância e pudessemos acreditar em seres de um Mundo puro que nos pudessem ajudar a tomar o melhor rumo ou a nos unir na procura da razão de ser. Desde o escritor que irá influenciar alguem no futuro ao vigilante que acabará por expiar os seus pecados, todos os que tomam contacto com a narfa sentem que a Vida não passa de pequenos momentos que devem ser vividos intensamente, por mais banais que possam parecer.
Enquanto assistimos ao filme iremos conhecendo partes da história de Story, simultaneamente com os personagens, fazendo-nos parte do todo. Cria-se o clima das "bedtime storys", ficando-se suspenso pelo passo seguinte mesmo que seja aterrorizador ou mágico. As crianças deixam-se emergir nesses mundos por mais terriveis que possam ser, porque querem sonhar, sendo triste que o crescimento nos deixe pouco tempo para a fantasia... nem tudo tem de ser sério, bater certo ou ser certo/errado, não existe apenas o preto/branco ou cinzento... a Vida pode ser de muitas cores e as pequenas coisas escondem tesouros preciosos que, muitas vezes, consideramos banais.
Nos EUA este filme tem sido um insucesso, grande parte devido aos críticos de cinema que reclamam inverosimilhanças no argumento, é a história de uma Narfa!!! Trata-se de uma fábula, de uma forma de mostrar que é possivel as pessoas se unirem em algo, que basta ter fé (qualquer que ela seja) para acreditar que tudo pode acontecer... é um conto de união, expiação, luta e sobretudo fé no ser humano e no outro, algo que anda arredado do Mundo de hoje onde se desconfia de tudo e de todos e onde a Amizade é cada vez mais importante.
Em termos interpretativos devo destacar o estupendo Paul Giamatti, representando o homem comum que procura sobreviver depois da tragédia, inicialmente não acredita na história, mas aos poucos vai convertendo-se porque precisa de acreditar em algo para dar sentido à sua Vida (a sequência dos bolinhos e do leite nos bigodes na casa da chinesa é deliciosa e hilariante). Por outro lado temos a bela Bryce Dallas Howard numa Narfa de um Mundo de sonho, com os seus grandes olhos azuis e a sua pureza irá unir os vizinhos do condominio e fazê-los acreditar que é possivel ser criança de novo ou ter uma segunda chance de expiar os medos e ser feliz dando a Vida.
A realização/argumento de Shyamalan (sem "twist" surpreendente) é de uma riqueza estupenda, nomeadamente naquilo que não se vê e apenas se imagina... seja na sequência em casa do pai e 5 filhas, passando pela nudez de Story apenas vista por Cleveland, o pormenor do miúdo que vê nos objectos banais o mapa para o mundo dos sonhos e um dos últimos planos visto da água da piscina. Porque será que este filme é mais irrealista do que um dos anteriores filmes deste realizador, por exemplo "O Protegido"? Não era este filme uma batalha de super herois num Mundo real?
Existe uma personagem que incita Cleveland a continuar a sua tarefa porque quer voltar a ser criança, quer voltar a ter fé e a acreditar no sonho.... perdemos a coragem de sonhar quando envelhecemos e deixamos de ver o que é simples na Vida. Eu pela minha parte procuro sonhar de olhos abertos e com todas as cores porque só assim seremos capazes de guardar um pouco da inocência e de fé.
Podem acusar o filme de ser anti-critico de cinema (todas as sequências da personagem Harry Farber parecem gratuitas) e nesse aspecto concordo, no entanto, a história pode não ser perfeita mas faz sonhar, faz acreditar que podemos nos unir e salvar algo nem que seja a nossa própria alma ou resgatar a fé no outro.
Carpe Diem.

deixa-me que te diga que este visual é bem mais agradável que o outro :)
beijinhosss

Fui ver o filme ontem e deixa-me que te diga que adorei.
Aconselho vivamente a quem ainda não viu.

Desculpa a invasão

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