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Uma Despedida em Sangue...

Este ano resolvi experimentar o ecran gigante ao ar livre do evento Optimus Open Air e a escolha do filme recaiu na ante-estreia portuguesa do mais recente filme de Brian de Palma (apresentado 2 semanas antes no Festival de Veneza como ante-estreia europeia), baseado num livro do escritor James Ellroy de seu nome "A Dália Negra".
Trata-se de um filme "noir", passado na década de 40, sobre 2 policias boxeurs (Lee Blanchard e Bucky Bleichert) que criam uma parceria peculiar derivada do oportunismo, sendo um deles corrupto e o outro pretende manter um "low profile"... tudo irá mudar com a morte de uma aspirante a actriz, Elizabeth Short. Este assassínio modificará a Vida de todos aqueles que o investigarão, numa teia de oportunismo, corrupçaõ e sobretudo obsessão que afectará os dois detectives.
Durante a primeira hora de filme quem tenha lido o livro reconhece-lhe uma fidelidade extrema, sendo que De Palma devido à economia narrativa imprimida, consegue que não se perca o ritmo. No entanto, a partir da morte de Lee Blanchard, tudo muda e quanto a mim o final não foi o mais bem conseguido com um anti-climax demasiado apressado e pouco surpreendente.
Apesar do que referi, não considero o filme totalmente falhado, as interpretações são boas, a realização é competente e o clima do livro é transposto para o filme em toda a sua plenitude... falta-lhe mais garra e vontade de arriscar, contudo e tendo em conta os filmes que passam em Portugal, trata-se de uma excelente escolha e uma quase obra-prima.
Em termos de interpretações, as mulheres levam a palma com uma Scarlett Johansson num papel simples mas cheio de glamour, Hilary Swank surpreende na típica "femme fatale" de um egocêntrismo absurdo, sendo o maior destaque para a interpretação de Mia Kirshner numa Betty Short cheia de sonhos representados pelo seu olhar perdido mas que a falta de talento não lhe permite ir mais longe.
No que respeita aos homens é tudo muito fugaz, sendo a personagem mais desenvolvida a de Bucky Bleichert (Josh Hartnett), no entanto, o actor em minha opinião apresenta-se demasiado apagado e inexpressivo salvando-se a sua voz perfeita (tal como já se tinha comprovado no filme "Sin City") para o "off" de um filme "noir". Tendo em conta a matéria prima do livro lamento que não tenha sido dada maior relevância a personagens como Lee Blanchard (as razões da sua obsessão são apresentadas muito superficialmente), Ellis Loew (um procurador em busca do sucesso sem olhar a meios), Ramona Linscott (uma psicopata pouco desenvolvida) e a dupla George Tilden/Emmett Linscott (a dupla na origem de tudo). Inclusivamente, o quadro do palhaço que ri, crucial para o livro é apenas aqui mais um artefacto que leva à conclusão da culpa no assassínio de Betty Short.
Ao contrario da adaptação ao cinema do livro "LA Confidencial" (Curtins Hansom), De Palma mostra-se sem grande imaginação, exceptuando a sequência da morte de Blanchard, onde o seu estilo e força visual aparecem em força. Trata-se pois de um bom filme "noir" que poderia ser uma obra-prima se De Palma arriscasse mais e nao se preocupasse tanto com o ambiente, necessitando também de outros actores masculinos.
Leiam o livro, mesmo que seja depois do filme, e deixem-se levar pelo clima de corrupção, interesse, sonhos desfeitos, amores impossiveis e sobretudo obsessão. James Ellroy ao escrever o livro estava a dedicá-lo à sua mãe que também foi assassinada sem que se descobrisse o motivo ou o seu assassino, daí que na dedicatória esteja escrito: "... Mãe, passados 29 anos, esta despedida em sangue..."
Carpe Diem.

Ainda bem que aceitei o convite para ver este filme! Gostei muito!

Beijinhos

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