Mulheres de Força
Nos últimos anos, Pedro Almodovar tem realizado pequenas pérolas cinematográficas num misto de homenagem às Mulheres ("Tudo Sobre a Minha Mãe" e "Fala com Ela") e pedaços autobiográficos da sua vida ("Má Educação"), sendo que no caso deste filme poderemos encontrar um misto dos dois.
O filme retrata a vida de 5 mulheres, originárias de uma vila em La Mancha (terra natal de Almodovar) e do seu regresso às raizes: Raimunda (Penelope Cruz) vive em Madrid com a sua filha Paula (Yohana Cobo) e o marido alcoólico e desempregado Paco num mundo de sentido único e sem rumo; Sole (Lola Duenas), irmã de Raimunda gere um cabelereiro ilegal em sua casa e sente a falta de carinho; Agustina (Blanca Portillo) uma vizinha da tia das 2 irmãs na terra que sofre de cancro e apenas quer saber se a mãe está viva e por fim Irene (Carmen Maura) a mãe das irmãs que, supostamente, faleceu e ajuda quem precisa.
O inicio do filme dá o mote para o tema, um longo travelling num cemitério, onde as mulheres limpam as campas dos maridos ou até as suas, num universo onde elas duram mais tempo e demonstram uma maior força de viver e lutar. Com este longo plano, o realizador demonstra que a força destas mulheres provem da terra e suporta tudo, desde um cancro a um incesto.
Apesar de não o considerar uma obra-prima, tem momentos fantásticos como toda a "aparição" de Irene como russa, a critica ao tele-lixo, a união e a coragem de uma mãe com e para a sua filha, uma musica que representa um regresso ao passado e uma mulher que mesmo sabendo que esta a sofrer não desiste de procurar qual o destino de sua mãe. O titulo do filme pode ter um significado de regresso, mas também um novo começo de vida...
A realização de Almodovar é sempre entusiasmante, no entanto, não consegue entusiasmar com a sua poesia como acontecia nos filmes referidos no inicio. Devo destacar a cena em que Raimunda canta a musica "Volver" para a sua filha e Irene escondida num carro sente cada inflexão como um bater do coração, simplesmente belo já que é uma musica de união e lembrança de um passado doloroso.
Neste filme encontramos o humor, o drama, o amor, a força, a coragem e mesmo um filme menor de Almodovar será sempre superior a muitos produtos cinematograficos das nossas salas que supostamente tentam transmitir emoções e não passam de banalidades.
Nas interpretações todas as mulheres são superiores desde a surpresa de Yohana Cobo até à maestria de Carmen Maura. Tenho de salientar 2 interpretações, uma Carmem Maura minimalista e que com um simples olhar diz o que a personagem sente e Penelope Cruz volta a ser a actriz de corpo inteiro que não conseguiu singrar em Hollywood.
Se querem emoções fortes com bastante humor à mistura, façam o favor de irem ver este filme porque vos pode surpreender... felizmente conheço a força das Mulheres e não me surpreende, porque sei do que elas são capazes e da garra e coragem que cada uma tem e isso graças a todas as minhas amigas que são Mulheres com M grande. Se existe algo de precioso neste Mundo não é o dinheiro ou o metal precioso, mas sim as Mulheres.
Carpe Diem.