Uma Paixão Surreal
A Noiva Cadaver
Antes de começar este texto deixem-me dizer-vos que sou fã de Tim Burton e adoro qualquer dos seus filmes mesmo aqueles que foram considerados fracassos de bilheteira (como o subestimado "Ed Wood" ou a comédia louca "Marte Ataca") e por isso posso ser acusado de faccioso, no entanto, estamos perante uma nova obra-prima de um génio do cinema actual.
Depois de este Verão nos ter brindado com uma versão brilhante de Willy Wonka no "Charlie e a Fábrica do Chocolate", eis que nos apresenta agora uma nova animação por marionetas e stop-motion (o mesmo processo utilizado em "O Estranho Mundo de Jack", escrito por Burton e realizado por Henry Selick) que nos deixa maravilhados... a história é o mais simples que pode haver e a magia está lá toda como é habitual no cinema deste realizador.
A história passa-se na época vitoriana, em ambiente gótico, onde uma familia nobre, mas arruinada, procura que a sua filha (Victoria Everglot) case com o filho (Victor Van Dort) de uma familia nova-rica proveniente do comércio de peixe, para assim recuperarem o prestígio. Tudo se complica quando o jovem Victor, desastrado como é, provoca um alvoroço durante a cerimónia de preparação para o casamento e se embrenha na floresta treinando os seus votos de casamento, no entanto, ao colocar a sua aliança num ramo faz despertar a Noiva Cadáver e tudo muda.
Os cenários são maravilhosos com o contraste existente entre o Mundo dos Vivos (cinzento e "sem vida") e o Mundo dos Mortos (profusamente colorido e com imensa alegria) e todas as personagens que sairam da mente de Burton (o casal de crianças são um achado). A história é levemente adaptada de um conto tradicional do leste europeu mas, segundo Burton, apenas lhe interessou a ideia de uma noiva cadaver que regressa à "vida" por amor.
Os momentos musicais do filme são delirantes (nomeadamente toda a sequência dos esqueletos) e a partitura sonora de Danny Elfman condiz na perfeição com o universo negro de Burton. Para mim existem 2 momentos que apenas por existirem tornam o filme ainda mais irresistivel, a cena do piano com a noiva cadaver e a transformação desta em várias borboletas... no fundo, uma história de amor, compreensão, sacrificio e salvação. É impressionante como um realizador consegue na mesma altura (os filmes foram rodados em simultâneo) filmar duas obras primas, fico ansioso pelo seu próximo trabalho.
Em termos de vozes, temos Jonnhy Depp (Victor), Helena Bonham-Carter (Noiva Cadáver) e Emily Watson (Victoria) nos principais papeis. Digamos que Depp esta fabuloso, toda a sua personagem foi pensada tendo em conta o seu estilo de representar, não conseguimos dissociar a personagem de quem lhe dá a voz.
No fundo, este filme transmite a mensagem de que a morte também merece ser celebrada e não é um mundo triste, veja-se que a negritude existe nos vivos e na monotonia das suas vidas... no México, o "dia de los muertos" é uma celebração ímpar e muito tradicional, tendo sido ai que Burton se inspirou para os esqueletos do filme, nomeadamente Bonejangles (voz de Danny Elfman).
Um filme surpreendente em beleza, romântico e que nos mostra um realizador em todo o seu esplendor artístico... será que a sua mudança dos EUA para Londres está a fazer efeito? Segundo a sua mulher (Helena Bonham-Carter) ninguém gosta de chuva em Londres, mas Burton sim.
Carpe Diem
Gostei... mas sinceramente esperava mais :(
Posted by (Pa)Ciência | 10:00 da tarde
Eu adorei este filme, é o 3º do Tim Burton que vejo (o 1º foi “O Estranho Mundo de Jack” e o 2º “Charlie e a Fábrica do Chocolate”) e até agora fiquei maravilhada com todos eles. Acho que também já me tornei fã dos filmes deste senhor.
Cláudia
Posted by Anónimo | 4:47 da tarde