Violência Gráfica
As adaptações de comics (BD) americanos continuam de vento em popa e, desta vez, coube a adaptação do livro homónimo de Frank Miller pelo realizador Zack Snyder.
Trata-se de uma versão estilizada e hiperviolenta da Batalha das Termópilas que opôs o rei/deus Xerxes ao rei de Esparta, Leónidas num conflito Oriente/Ocidente, onde se situa actualmente o Irão. Leónidas é rei de Esparta, povo treinado para a guerra e regido por costumes/tradições arcaicas que não lhes permite atacar o exército de Xerxes em toda a sua força... assim sendo, este parte com 300 dos seus homens de confiança disposto a deter por quanto tempo for necessário o avanço deste ultimo.
O filme é bastante fiel à BD que lhe esteve na origem e quem conhece o trabalho de Frank Miller sabe que o exagero dos fisicos e a força sobrehumana é apanágio dos seus herois. Não existe aqui uma preocupação em desenvolver as personagens, surgindo antes a demonstração de ideias como força, coragem, orgulho, determinação e sentido de dever Vs. depravação, ideia de grandeza, corrupção e esclavagismo.
O abuso de efeitos em slow motion tornam o filme cansativo e pouco original... ao inicio ainda tem ar de novidade mas depois acaba por deitar tudo a perder. Devo confessar que sou fã de Frank Miller, seja na sua reestruturação de Batman/Demolidor ou na sua mais pessoal Sin City, no entanto, quando li a BD já a achei mais fraca do que habitual e o filme segue o mesmo rumo.
Os actores não têm margem para mostrar os seus dotes, já que as personagens são meramente unidimensionais com um Xerxes (Rodrigo Santoro) de 2 metros e escassas cenas e um Leonidas (Gerard Butler) aos gritos usando algumas palavras de ordem que ficam sempre bem citar. O desenvolvimento das personagens que se mantém em Esparta reduz a velocidade do filme mas, infelizmente, nao acrescenta espessura ou dimensão à história.
Resta um filme que pode divertir alguns pelas suas batalhas (nem que seja para ver como se protegiam os 300 e as varias formações que efectuavam) e ambiente, contudo, deixa um sentido de vazio e falta de emoção ao contrário da obra anterior de Frank Miller adaptada ao cinema, Sin City.
Uma ultima referencia à polémica que este filme está a gerar no Irão, onde este país acusa os EUA de promoverem um filme que apela ao ataque da sua terra e a mostra de forma devassa e corrupta... não nos podemos esquecer que a BD é ulterior à administração Bush e que se baseia (ainda que livremente) em factos historicos reais.
Resta agora saber se o projecto de uma BD de culto como é "Watchmen" (Alan Moore) segue em frente com Zack Snyder ao leme... como fã espero que sim já que o filme anterior deste realizador (Dawn of the Dead) pressupõe um excelente prenúncio, mas sem efeitos "ao ralenti".
Carpe Diem.