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Marketing de Terror


The Omen - O Genio do Mal Posted by Picasa

Confesso que, em férias, não costumo ir ao cinema da mesma forma de quando me encontro em Lisboa, no entanto, o facto de estar no Algarve com tempo chuvoso e centro comercial perto, levou-me à procura de um filme para passar uma tarde... o problema surge quando em 9 salas dos cinemas Castello Lopes Guia (Albufeira), 4 exibiam o Código Da Vinci e as restantes tinham filmes já vistos por mim ou apenas dobrados em português ("Astérix e os Vikings"), a unica alternativa que me restou foi o remake do filme "The Omen".

Em primeiro lugar, o lançamento deste filme residiu numa campanha de marketing muito forte, pelo aproveitamento da data "sui generis" 06-06-2006 e a sua associação ao filme (pelo tema do anticristo e do celebre numero da besta - 666), culminando numa estreia antecipada em relação aos restantes filmes dessa semana.
Hoje em dia o cinema de terror americano tem vindo a reciclar-se, por via de remakes de filmes de culto dos anos 70/80 ("O Nevoeiro", "O Terror da Montanha", "Casa de Cera", "Massacre no Texas"), com resultados finais entre o sofrível e o vagamente interessante. Este filme baseia-se no filme original de 1976 realizado por Richard Donner, com interpretações de Gregory Peck, Lee Remick e Harvey Stephens (como Damien). O filme apresenta-se como cópia fiel do original, não no sentido artístico do "Psico" de Van Saint, mas porque não apresenta nada de novo.
O filme gira à volta do nascimento, em Roma, do Anticristo (Damien - Seamus Davey-Fitzpatrick) que coincide com a morte do bébé da familia Thorn, sendo que a intervenção de um padre junto do acessor do embaixador dos EUA (Robert Thorn - Liev Schreiber) o convence a substituir o nado morto pela primeira criança de modo a que a sua esposa (Katherine Thorn - Julia Stiles) não sofra. A evolução de Damien na familia vem demonstrar que ele é mais do que aparenta, sendo que o seu objectivo é apoderar-se do Mundo por via da política.
O filme adensa o clima de thriller, através de um rodopio de mortes e uma surpreendente composição de Mia Farrow como ama do Anticristo, num papel diametralmente oposto ao que interpretou na obra prima de Polanski ("A Semente do Diabo").
Apesar dos bons valores de produção existentes, não é mais do que um filme industrial da fabrica americana de thrillers deixando, inclusivamente, em aberto a eventualidade de sequelas (o filme de 76 deu origem a 4 sequelas). A escolha do jovem actor para o papel de Damien parece-me um erro de casting, basta comparar as duas versões para entenderem a que me refiro.
O cinema de terror nos EUA encontra-se numa encruzilhada, e quando não se ocupa de remakes trata de adaptar o vigoroso e original cinema coreano/japonês. Fiquem atentos (caso estreie em Lisboa) ao filme que venceu o Fantas há uns anos e que irá ter estreia comercial entre nós, refiro-me a "The Tale of Two Sisters" de Kim-Jim Woon.
Carpe Diem.