Instantes de Vida
Me and You and Everyone we Know
A hora tardia não me impede de comentar um dos mais belos filmes que vi nos últimos tempos, graças ao evento Indie Lisboa (que decorre de 20 a 30 Abril no King/Londres/Forum Lisboa) que, pelo terceiro ano, me permite descobrir pérolas cinematográficas que nem sempre têm estreia comercial em Portugal.
Este filme teve a honra de iniciar o festival e posso dizer que, em minha opinião, o fez muito bem, porque detém uma sensibilidade extrema e muito humor. Trata-se do primeiro filme da artista plástica Miranda July, que tem arrebatado prémios em vários certames como Cannes e o Festival de Sundance.
Tal como o título deste texto, são instantes de Vida retratados com uma extrema simplicidade acerca de um grupo de pessoas muito especial. A personagem principal, Christine (Miranda July), é uma mulher que vê a vida de forma artístisca procurando com isso retirar o melhor que esta lhe pode dar e luta por um lugar num museu de arte contemporânea enquanto conduz um táxi para idosos. Ao mesmo tempo seguimos o percurso de Richard, recém-divorciado, com dois filhos (um de 14 e outro de 7, sendo que este último é o melhor actor do filme, simplesmente estupendo) e que trabalha numa loja de sapatos de um centro comercial.
São pessoas solitárias, a quem a vida não ajudou e que mesmo assim procuram seguir em frente... neste filme encontrei alguns dos planos mais belos dos ultimos tempos como as peripécias de um peixe dentro de um saco plástico, um filme/instalação com uns sapatos rosa, um diálogo sobre um relacionamento que dura uma rua, um encontro real proporcionado pela Net, um quadro que une 2 personagens, um espelho que se descola e por fim um Sol que nasce pelo som de uma moeda. Amor, Morte, Sofrimento, Iniciação, Libertação, Recuperação são tudo temas que passam por 95 minutos de cinema.
Existe espaço para o romance, para o humor, para a crítica feroz à arte contemporânea (a realizadora cria instalações para museus de arte contemporanea) sendo que no fundo a Vida é mais simples do que imaginamos e não precisa de ser vista a preto e branco...
Se puderem, não percam Sábado às 14:45 no King a repetição ou esperem pela estreia comercial (os mais apressados podem sempre comprar o DVD em zona 1 na FNAC) porque é destes filmes que se faz a magia do Cinema e dá prazer saborear cada momento.
Irei comentando, caso me surpreendam, os filmes que verei no Indie... é bom que exista um Festival assim em Lisboa que permita descobrir novos horizontes.
Carpe Diem.
Um dos filmes que perdi nesta edição do Indie, mas que espero ver "num cinema perto de si":)
Posted by Anónimo | 12:47 da tarde
VÁ LÁ, ESTE JÁ TEM TEXTO!
E um texto jeitoso!!
Agora já compreendo que tenhas um blog sobre cinema;)
Posted by Anónimo | 1:02 da tarde
Para mim um dos melhores filmes que já vi até hoje…”Eu, tu e todos os que conhecemos”…como evitar feridas de amor e sapatos…
Miranda July a realizadora do filme é uma actriz de “performance art” e quanto a mim fez um trabalho magnifico.
Peter mostra ao irmão mais novo uma pagina que imprimiu com pontos e virgulas, colocando-se depois numa posição de pássaro, pairando sobre o seu mundo: “Aqui estou eu, tu e todos os que conhecemos”…
Uma cena engraçada foi a do peixe dentro do saco de plástico esquecido em cima do carro em andamento…toda a emoção e expectativa na tentativa de que o peixe sobreviva.
A critica aos “chats” é feita de uma forma hilariante quando Robby inocentemente consegue estimular uma correspondente anónima com a palavra “cocó”.
Mas a minha cena preferida foi quando a Christine filma o seu par de sapatos onde inscreveu “Me and You”.
Na vida não adianta calçar sapatos que façam feridas. “Pensas que mereces a dor, mas não” diz Richard a Christine na sapataria. O par ideal existe…
Aqui está um filme que vou sem duvida alguma comprar em dvd ;)
Beijinhos
Cláudia
Posted by Anónimo | 4:21 da tarde