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Beleza Surreal


Drawing Restraint 9 Posted by Picasa

Até ao momento nunca tive a oportunidade de conhecer o trabalho de Mattew Barney (deixei escapar o ciclo Cremaster no King) e o Indie Lisboa permitiu-me conhecer em primeira mão (irá ter estreia comercial, provavelmente, no King) a nova obra deste artista cujos filmes normalmente são utilizados como instalações e não são exibidos em cinema. Neste caso,ainda encontramos um segundo ponto de interesse, dado que Bjork (mulher de Barney) co-protagoniza o filme e responsabiliza-se pela banda sonora.
Existem duas histórias que se cruzam neste filme, a primeira sobre um navio baleeiro japonês que instala no seu convés um molde para criar, ao longo do filme uma escultura em vaselina de nome "The Field" enquanto um casal cumpre um estranho ritual nesse mesmo navio (protagonizados por Barney e Bjork).
Todo o filme é composto de uma beleza estranha que coloca o espectador em constante desafio, logo o seu inicio é tão somente uma mulher a efectuar 2 embrulhos, no entanto, a beleza que isto proporciona é espantosa. Igualmente a ideia de colocar um grupo de dançarinos no meio de gigantescos navios cria um momento fantástico e hipnótico.
A sequência do casal a vestir-se com todos aqueles elementos aquáticos e a cerimónia do chá com o detalhe do modo como Barney vira a concha demonstram toda a beleza de cada plano que existe em todas estas pequenas coisas. Claro que podem dizer que Barney é louco, eu não o desminto, no entanto, consegue tornar cada plano mais belo que o anterior mesmo quando o casal de Visitantes termina o seu ritual num bailado de amor e facadas terminando na sua transformação em algo mais do que humano (uma baleia?).
Além das imagens existe a musica, da responsabilidade de Bjork, com imenso poder hipnótico que nos deixa literalmente presos ao ecran. Apesar de não existir um argumento linear (ou sequer existir um argumento), todas as imagens e sons são fabulosos mesmo tendo em conta a loucura de quem o realizou.
É um filme que obriga a reflexão e o debate, é disto que o cinema também precisa já que nos tempos actuais as pessoas preferem ter um filme formatado pela frente do que se deixarem levar e conhecer novos mundos e ideias.
Carpe Diem.