A Luta de um Pai
Guerra dos Mundos
O filme que criou mais expectativa, desde que se soube da intenção de Spielberg em pegar no livro de H. G. Wells, ai está nas salas portuguesas, uma semana após a estreia americana e pode criar algum descontentamento em algumas pessoas. Este filme não é um "humanos contra aliens" e nada tem a ver com outro filme catástrofe como "O Dia da Independência" é, acima de tudo, um filme que perspectiva a posição de um pai no seio de uma familia desfeita pelo divórcio e o seu papel na educação dos filhos.
O realizador é mais conhecido pela demonstranção de que os aliens são bons (como em "ET" ou "Encontros Imediatos do Terceiro Grau") do que a mostra de violência sobre os humanos, no entanto, este filme reverte toda essa ideia, existindo sequências bem fortes em termos gráficos ou puramente imaginativos. Eu tenho a ideia de que um filme de terror é mais eficaz quando não mostra tudo e o suspense se demonstra por gestos, sons, silencios... este filme tem todos os ingredientes para quem, como eu, é adepto deste tipo de suspense, quem pretender ver tripas e afins engana-se no filme.
Desde logo se notam influências do 11 de Setembro, nomeadamente, nas sequências das roupas a cairem do céu (os aliens lançam raios sobre os humanos que os desfazem como pó, no entanto, as roupas ficam intactas) e das cinzas que ficam impregnadas nos personagens. A ideia de que os aliens já estariam entre nós, enterrados no solo, apenas aguardando serem "acordados" pelas naves que se encontram no céu é decalcado das unidades terroristas espalhadas pelo Mundo, sendo curioso que a primeira pergunta de Rachel seja "são terroristas?".
Os efeitos especiais deste filme estão excelentes, mas o que aqui sobressai é a história de um pai ausente que descobre o sentido da paternidade e procura proteger os seus filhos a todo o custo, exemplo disto é toda a sequência da cave com a personagem de Tim Robbins (excelente num homem obcecado e em choque), para mim a melhor de todo o filme.
Quanto aos actores, Tom Cruise tem uma interpretação na esteira do que fez em "Relatório Minoritário" e quer-me parecer que a sua parceria com Spielberg está a ser bem produtiva ao contrário da dupla Scorcese/Di Caprio. A grande interpretação do filme é da actriz Dakota Fanning que tem dado que falar desde o primeiro filme onde entrou, é sempre um prazer vê-la actuar e espero que não se perca na transição para adulta.
Com este filme, Spielberg, regressa ao seu melhor depois de um filme menos conseguido (Terminal de Aeroporto) e num tema completamente atípico e diferente do que ele nos habituou, em termos de ficção cientifica. Quanto a mim, o filme apenas peca em pequenas coisas como sendo a sequência final e o facto de não explicitar (para quem não conhece a obra original) o porquê da decadência dos aliens e dos seus tripods mecânicos.
Em resumo, trata-se de um filme sobre o lado humano da Vida e não tanto pela luta entre humano/alien ou carne/máquina. Vale a pena descobrir este filme, sentir o medo por sugestão em vez de ver tudo. Uma ultima nota para todas as sequências de americanos em fuga, raramente se vê refugiados americanos em filme (ou na vida real) e este pode ser um factor estranho a um americano aquando do visionamento do filme.
Um filme que joga com os medos actuais, mas não era isso que fazia "O Tubarão" ou "Duel", filmes anteriores de Spielberg? Entertenimento para pensar e um filme a não perder para quem gosta de boa ficção cientifica. Quem espera um blockbuster de ficção cientifica com plena diversão aguarde a estreia de "O Quarteto Fantástico".
Carpe Diem.
Aqui está um filme de cortar a respiração…
A miúda faz um papel excelente, é uma grande actriz..sem duvida...O Tom Cruise tb está mt bem mas esse já não admira...
Só achei mal no filme não ser referida a causa de os aliens terem sido dizimados, eu fiquei sem saber...
Felizmente que alguém que já leu o livro me esclareceu sobre isso...obrigada :)
Cláudia
Posted by Anónimo | 9:50 da manhã