Renascimento e Morte
A primeira vez que ouvi falar deste filme fiquei com expectativas muito elevadas, dado que se trata do novo trabalho de Darren Aronofsky, o qual tive o prazer de descobrir através de um dos filmes mais excitantes e originais dos últimos tempos, de seu nome "A Vida Não é Um Sonho" (directamente para video/dvd em Portugal).
A sua nova incursão no cinema fala de um tema tabu na sociedade, a Morte. Acompanhamos o desenrolar da vida de um casal composto por Tom (Hugh Jackman) e Izzi Creo (Rachel Weisz), estando esta em estado terminal devido a um tumor e ele é um médico/conquistador que procura, através da pesquisa em macacos, obter a cura e consequente regressão da doença. Durante o período da doença, Izzi escreve um livro chamado "The Fountain" onde retrata a procura da Árvore da Vida por um conquistador espanhol de modo a tornar a sua Rainha imortal.
Existe ainda uma terceira história, situada no futuro, acerca da viagem de um homem e de uma arvore em busca da estrela venerada pelos Maias e que estes consideravam conter a alma dos mortos.
Pode parecer um filme estranho descrito desta forma, no entanto, é uma belissima viagem ao fundo do ser humano com uma poesia e sensibilidade extrema, tocando em temas como o amor, a morte, as escolhas da Vida e sobretudo a nossa fragilidade. É um filme visual e com uma banda sonora genial da responsabilidade dos Kronos Quartet e os Mogwai.
Tom, na sua obsessão para encontrar a cura para a esposa, não consegue ver os momentos que ainda tem para segurar a sua mulher e sentir o presente. O olhar de Izzi demonstra a sua força, a sua esperança, o desejo e acima de tudo o reconhecimento de que devemos viver o presente sem estarmos dependentes do passado e sem imaginar o futuro. Uma das sequências mais belas deste filme surge quando Tom está a dar banho a Izzi e tudo termina de uma forma visceral e necessária de quem quer sentir-se vivo.
A mensagem contida no filme não implica uma religião, salienta antes a ideia de que a Morte é uma forma de renascimento que poderá tomar a sua forma na Natureza ou no coração das pessoas que amamos.
Trata-se de um filme que não tem meio termo, ou se ama ou se odeia, eu estou no primeiro caso podendo salientar momentos (e muitos mais poderia dizer) que vos aliciem para arriscar:
- A ligação entre as 3 histórias;
- O olhar suplicante e apaixonado de Rachel Weisz quando sente que o Mundo lhe foge dos pés e não quer ficar sozinha;
- A interpretação assombrosa de Hugh Jackman num homem obsessivo e tremendamente apaixonado, descurando o presente em detrimento do futuro;
- Os beijos no pescoço e os pelos (quem vir o filme entende);
- O toque numa arvore;
- A musica do filme aliada às imagens inovadoras e arriscadas de Darren Aronofsky.
Acredito que haja quem o considere estranho, caótico, recheado de tretas "new age" mas, no fundo e em minha opinião, é poesia em movimento, é uma ode ao Amor com um optimismo desenfreado, onde ficção e realidade se fundem para apresentar um amor "bigger than life".
Arrisquem, vão ao Corte Inglês (unica sala em Lisboa que exibe o filme) e deixem-se deslumbrar por este filme, sem preconceitos e com o coração aberto ao amor.
Carpe Diem.
Meu kido amigo
Fiquei muito feliz quando vi que voltas te a dar corda aos dedinhos.
Adoro ler as tuas opiniões cinematograficas e este é um filme a não perder.
Bjokas gordas
Maf
Posted by gir@f | 11:12 da tarde