setembro 17, 2005

Revolução das Ideias


Os Edukadores Posted by Picasa

O filme retrata a luta de 3 jovens, revoltados com a vida actual de consumismo desenfreado, sem ter em conta a miseria que existe no Mundo, seja fisica, monetaria ou pura e simplesmente das ideias. Jan e Peter unem-se sob a forma dos "edukadores" de forma a educarem os ricos para os seus excessos, entram em casa destes, nao roubam nada e alteram os objectos de lugar deixando sempre a frase "os vossos dias de abundancia estao contados".
Jule desconhece esta faceta do amigo (Jan) e do namorado (Peter), no entanto e na ausencia deste ultimo, os dois primeiros decidem entrar na casa de Hardenberg (um rico empresario cujo carro sofreu um acidente de responsabilidade de Jule e do qual esta tem de pagar uma elevada quantia) para o "edukarem". Nem tudo corre bem, os dois sentem atracção fisica e Jule quando abandona a casa deixa o seu telemovel la dentro... Hardenberg apanha-os dentro da casa e a solução é o rapto.
O filme tem caracteristicas do estilo Dogma: camera ao ombro, privilegio aos actores, dialogos soberbos e sobretudo troca de ideias. Trata-se de um filme que coloca em causa a ideia capitalismo/defesa dos pobres, não sendo sectário e demonstrando o que cada lado da contenda pensa. O filme apresenta ideias geniais, sendo o cativo mais inteligente que os captores quando procura sempre uma forma de escapar (seja colocando-os uns contra os outros por via do ciúme, seja pela tentativa de aproximação por defesa dos mesmos ideais).
Um filme que deveria ser visto por todos e um excelente meio para debater as ideias que dele surgem, são filmes destes que me fazem amar o cinema, não apenas aqueles blockbusters onde se esquece tudo logo de seguida, estes filmes fazem pensar e olhar a Vida de outra forma.
Um dos momentos mais aliciantes do filme resulta do dialogo entre os 4 à mesa da cabana, onde Jule pergunta ao empresário porque este não dá o seu ordenado para fazer uma pessoa pobre feliz, a resposta deste e que vontade não lhe falta, mas sente que isso não seria suficiente. O mais curioso é que o empresário sendo rico, não tem tempo para gozar os luxos inerentes à sua vida, se assim é, qual o interesse em ter dinheiro? Mais vale ser pobre e aproveitar o que se tem ao máximo, sendo fieis connosco proprios.
No final fica demonstrado que por mais que uma experiência possa ser traumatizante e modificadora de estilo de vida, se as pessoas não sentirem que devem mudar tudo se mantem.
Aproveitem a Vida e sejam fieis aos vossos ideais
Carpe Diem.

setembro 10, 2005

Séries de Culto 5 - "Tal Mãe Tal Filha"


Tal Mae Tal Filha (The Gilmore Girls) Posted by Picasa

A primeira vez que assisti a esta série foi na SIC generalista de madrugada, salvo erro a uma Sexta-Feira, e confesso que fiquei imediatamente fã... a madrugada não é a melhor hora para uma serie assim e felizmente a TV Cabo decidiu incluir no seu pacote (ainda que pago) o canal Fox Life, que a transmite a horas certas e decentes.
O que torna esta série tão cativante em minha opinião? Em primeiro lugar a história e os argumentos de cada episódio (criada por Amy Sherman-Paladino), depois as 2 actrizes que a protagonizam e por fim todo o foclore da cidade americana do Connecticut onde tudo se passa.
A série retrata as diferenças entre gerações, sendo as protagonistas mãe e filha, que partilham as pequenas coisas da Vida. São companheiras e donas de um humor negro e muito particular, viciadas em café e com uma familia louca. Os diálogos são formidáveis e as interpretações de Lauren Graham (Lorelai Gilmore) e Alexis Bleidel (Rory Gilmore) trazem uma lufada de ar fresco para as series televisivas. É como os americanos dizem, esta série é um "guilty pleasure" :)
Torna-se compulsivo querer saber o que acontecerá em seguida às personagens e o interesse romantico mal resolvido entre Lorelai e Luke é um dos momentos mais interessantes, se gostam de passar momentos divertidos e inteligentes em frente à Tv não percam esta série, a não ser que não tenham o Fox Life.
Carpe Diem

setembro 08, 2005

Alegoria Politica


A Terra dos Mortos Posted by Picasa

Os filmes de zombies, nos ultimos anos, têm vindo a surgir com cada vez maior frequência razão pela qual o mestre deste género decidiu regressar ao tema. George Romero, regressa assim em força para o seu quarto filme de mortos vivos, com temática política e o inevitável 11 de Setembro.
A história ocorre num futuro próximo, a humanidade vive refugiada em cidades fortificadas que protegem os seus habitantes dos zombies. No interior dessas fortalezas, encontra-se o sistema habitual de vida humana exponencializado, os ricos que vivem numa Torre com todo o conforto (lojas, apartamentos de luxo, cafés), indiferentes aos horrores do exterior e os pobres que vivem em redor dessa mesma torre, juntamente com os militares que a protegem.
A inovação deste filme reside na aprendizagem dos zombies, eles continuam a mover-se lentamente como é apanágio do cinema de Romero, no entanto, tomam consciência da utilidade dos objectos e a forma como podem ser usados. Este facto fará toda a diferença contra humanos acomodados a uma ideia feita e a uma suposta protecção sem falhas.
O responsável máximo pela Torre (um notável Dennis Hopper) é um déspota, que apenas se preocupa em angariar dinheiro e proteger a pele, inclusivamente não negociando com terroristas... alguém pensa "George W. Bush"? Pois acertaram, o próprio Romero diz ter-se baseado no presidente dos EUA e isso é notório no filme.
Trata-se de um filme série B, com muito sangue (ou não fosse Romero juntamente com Dario Argento um dos mestres do "gore") e critica politica. Uma referência especial para a sequência da troca de olhares entre o chefe dos zombies e o personagem principal (Simon Baker) como que se estudando mutuamente e a frase final de que os zombies, tal como os humanos, apenas procuram um lugar que seja só seu. Não é verdade que os americanos desde que elegeram George Bush andam como mortos vivos?
Um grande filme de terror que faz pensar, a não perder!!
Carpe Diem

Sonho de Mudar de Vida


Amor de Verao Posted by Picasa

Tive a oportunidade de assistir a este filme em ante-estreia nacional, aquando da cerimónia de encerramento do Indie Lisboa deste ano, e fiquei desiludido porque dado o "hype" que se gerou em certos circuitos alternativos, esperava um filme mais forte e menos deslumbrado consigo mesmo.
O filme retrata a amizade de 2 raparigas de 16 anos, num Verão em Yorkshire. Mona (Emily Blunt) tem poucos recursos e estudos, com a sua casa por cima do pub explorado pelo irmão (Paddy Considine), tem azar no amor e já conhece a dureza da Vida nos bancos de trás dos carros, sentindo-se encurralada e sem futuro. Por outro lado, Tamsin (Natalie Press) é a tipica menina rica mimada e aborrecida com a Vida porque tem tudo o que deseja. As duas encontram-se casualmente e acabam por criar laços de amizade e algo mais...
O filme divide-se em 2 histórias, o relacionamento entre as duas raparigas e a conversão do irmão de Mona que depois de sair da prisão se converte a Deus. As duas irão criar laços de amizade ao longo do filme, incluindo momentos de sexo (filmados com delicadeza e com ambiente de videoclip) mas, no fundo, ambas procuram coisas diferentes. Mona quer uma alternativa de Vida e uma hipótese de fuga da terra, enquanto Tasmin só se quer divertir, porque no fim tem sempre onde se refugiar.
O irmão está dividido entre o amor a Deus e a violência que nunca o abandonou e será mesmo Tasmin a provocar o seu reaparecimento, esse será o ponto fulcral para o desfecho do filme, no entanto, ainda há surpresas que eu não revelarei aqui.
Existe um filme de Wong Kar Wai que tem um titulo inglês belíssimo, "In the mood for love", e quase se pode dizer que este filme também é isso... não existe uma finalidade, um objectivo, é um clima... quase como um sonho, com todos os componentes: amizade, perversão, amor, violência. Um enorme "mood" que nos deixa na duvida sobre o que vimos, será um pseudo erotico filme lésbico ou uma iniciação e fuga para o amor? Cada pessoa faz a sua ideia e isso é a magia do Cinema.
Em minha opinião, trata-se de um filme sobrevalorizado, com excelentes interpretações, mas muito na base do ambiente. Se querem uma experiência diferente, arrisquem e pode ser que saiam mais satisfeitos que eu :)
Carpe Diem

setembro 01, 2005

Um dos Títulos mais Belos para um Filme


De Tanto Bater o meu Coracao Parou Posted by Picasa

Este filme tem um dos mais belos títulos que eu já vi em cinema e realmente o seu conteudo faz juz ao nome, é uma das gratas surpresas da temporada cinematográfica e um dos melhores filmes franceses do ano. Os americanos adoram fazer remakes de filmes franceses de sucesso, neste caso, é um filme francês a fazer um remake de um americano ("Fingers" de James Toback) tendo por base o realismo francês.
O filme retrata a vida de Tom (Romain Duris), de 28 anos, cujo pai trabalha no ramo sujo do imobiliário e a mãe (falecida e que é como um fantasma no filme) foi pianista. Tom irá seguir o mesmo rumo do seu pai na aquisição de edificios degradados para venda a preços especulativos, mesmo que para isso tenha de recorrer à violência e desalojar as familias africanas que se resguardam nesses locais sem condições minimas de sobrevivencia.
A salvação de Tom poderá estar, no entanto, no piano e uma noite em que encontra o antigo agente da mãe e este o convida para uma audição (Tom não toca piano há 10 anos mas era um virtuoso como a mãe) torna-se esta a sua maior ambição e para isso voltará a ter aulas com uma pianista chinesa recem-chegada na cidade. A pianista chinesa não fala francês e ele não entende chinês, no entanto, comunicam pela musica em momentos lindos de cinema parecendo o filme de Jarmuch "Gosth Dog" na relação entre o samurai e o vendedor de gelados.
A interpretação de Roman Duris é genial e a forma como o filme é realizado (camara ao ombro, obsessivamente perto do protagonista) faz com que sintamos as emoções à flor da pele... a sequência final é de um arrebatamento extremo e demonstra que a violência apenas fica adormecida e a musica pode ser um escape para o stress.
Um filme excelente em todos os aspectos e que venceu o Urso de Prata em Berlim para a Melhor Musica. A musica, os actores, o realizador (Jacques Audiard) e a emoção à flor da pele faz com que este seja um dos melhores filmes que vi em 2005, recomendo vivamente para quem gosta de sentir e pensar em cinema.
Carpe Diem

O Sentido da Vida


A Boleia Pela Galaxia Posted by Picasa

Confesso, antes de mais, que nunca li o livro que deu origem a este filme (The Hitchhiker´s Guide to the Galaxy de Douglas Adams) e que apenas com a sua exibição cinematográfica foi traduzido para português, no entanto, é um livro de culto em todo o Mundo e gerou um imenso "hype".
A história é "simples", Arthur Dent (Martin Freeman) começa o dia da pior maneira com a Câmara pretendendo demolir a sua casa para que uma autoestrada passe nessa zona, no entanto, depressa descobre que o seu melhor amigo (Mos Def) é um alien e que justo nesse dia a Terra vai ser destruida porque é necessário construir uma estrada no hyperespaço, a unica chance dos 2 reside em pedir boleia a uma nave espacial. A melhor companhia para quem pede boleia no espaço é exactamente o "Guia da Boleia pela Galáxia" onde tudo o que se deseja saber (e mesmo o que não interessa) é explicado.
O filme tenta encontrar o humor dos Monty Python com o recente humor inglês e prova disto reside no protagonista (actor da magnifica série "The Office") e no encarregado da demolição da casa de Arthur Dent (actor da série "League of Extraordinary Gentleman") que protagonizam séries recentes do humor mais "british".
Trata-se de um filme de ficção completamente delirante, por vezes confuso, outras vezes sem piada e quanto a mim tem a melhor personagem no robot Marvin (ver foto acima) com a voz de Alan Rickman e super neurótico e pessimista. Além desta personagem ainda temos o presidente da galáxia com 3 mãos e 2 cabeças (Sam Rockwell), uma rapariga que quer aventura (Zooey Deschanel), um guru espiritual (Jonh Malkovitch) e o construtor de Mundos (Bill Nighy).
Se sempre tiveram curiosidade em saber o sentido da vida, como foi o Mundo criado ou para que serve uma toalha, eis o filme ideal e a não perder!!! Quanto a mim, o filme é divertido a espaços e tem humor inteligente, no entanto, continuo a preferir os originais Monty Python e a sua irreverência.
Carpe Diem