Milagre de Vida
Mar Adentro
Pode parecer estranho o título que dei a este texto sobre um filme que retrata a vida de um homem (Ramon SanPedro) pelo seu direito a morrer com assistência, mas quem vir o filme entende qual a minha intenção.
A história baseia-se no caso verídico do tetraplégico Ramon SanPedro que lutou durante 29 anos pelo direito a morrer de forma assistida sem que isso trouxesse consequências criminais para a pessoa que o ajudasse. O filme apresenta uma enorme sensibilidade no tratamento do tema e demonstra pelos diálogos a alegria de viver de Ramon, este apenas pode mover a cabeça mas estamos constantemente a sentir que ele pode mover-se bem mais do que aparenta, através da sua mente.
O filme tem momentos de uma extrema beleza visual e temática, com conversas extremamente bem estruturadas e que deixam um sorriso nos lábios... a vida daquele homem é muito maior que a cama onde se encontra colocado, extravassa o quarto e voa sobre montanhas e vales até alcançar o seu meio: o Mar.
Ramon detém uma imensa paixão pelo mar, apesar de ter sido este a causar a sua dor (num mergulho mal calculado), mas o Mar pode ser visto como uma forma de viajar de ultrapassar constantemente a linha do horizonte e deixar que os sonhos nos tomem.
Desde sempre considero que Javier Bardem é o melhor actor espanhol da actualidade (e porque não de sempre?) e neste filme isso fica plenamente demonstrado, um homem que exala sexualidade por todos os poros e é de uma carnalidade absoluta vê-se reduzido a uma cama, podendo apenas mover a cabeça e o rosto... uma interpretação capaz de ombrear com o "Ray" de Jamie Foxx e quem sabe arrebatar o Óscar, não fosse o tema tão complexo e avesso às mentalidades reinantes da Academia de Hollywood.
Amenabar ("Os Outros") realiza com muita perícia e sensibilidade, pontuando o drama de Ramon com as vidas das pessoas que fazem parte do seu núcleo e que giram em seu redor, o tema deste texto refere-se a isso mesmo... para os amigos de Ramon, este vai ser um milagre e vai injectar Vida onde estes não a têm.
Um elenco fabuloso, sequências de um lirismo insuportavelmente belo, um actor em estado de graça, um tema incómodo que potencia o debate após visionamento do filme (e um verdadeiro cinéfilo procura sempre este tipo de filmes), a ideia do filme de que a Vida não precisa ser um drama... tudo isto faz com que vos recomende este filme vivamente e sem reservas, não tenham medo de chorar, de sentir, de se emocionarem, a Vida também é feita de momentos assim.
Dirijam-se a um cinema, vejam este filme e voem com Ramon SanPedro pelas montanhas e vales da imaginação, terminando no azul do mar e no vermelho do sangue e do coração.
Carpe Diem
Este filme é lindo é de uma beleza comovente, as duas cenas que mais me marcaram foram:
A primeira quando o Ramon se liberta do seu corpo e voa como um pássaro sobre as montanhas verdejantes até ao mar…
A segunda quando ele sai de casa pela primeira vez em tantos anos e observa os pequenos pormenores das coisas e pessoas que vê pelo caminho…
Gostei muito de ver este filme contigo!!!
Um beijo grande
Cláudia
Posted by Anónimo | 9:46 da manhã
Para mim a melhor cena é sem dúvida a despedida dele...É um filme excelente que nos faz sentir minimos perante problemas desta dimensão...
Posted by ROSAXIQUE | 9:05 da manhã